O coordenador do BE João Semedo disse que votar no PS de António José Seguro é um «engano» e um «desperdício», considerando que escolher os socialistas é ajudar o partido a «vir governar com Pedro Passos Coelho».
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Com a proposta de reestruturação da dívida como o único caminho para o combate à austeridade, o Bloco de Esquerda continua a meter no mesmo saco CDS, PSD e PS, como os principais responsáveis pela situação em que o país se encontra e se irá manter, mesmo depois da saída da Troika.
No comício de ontem, ao final da tarde, em Lisboa, Marisa Matias e João Semedo, os dois principais atores desta semana de campanha do Bloco, tiveram a companhia de João Lavinha, número dois da lista às europeias e de Ana Drago.
Naquele que foi o comício mais participado até agora, o Bloco continua de armas apontadas para os socialistas a quem acusa de terem amigos na Alemanha.
Debaixo do sol quente, em Lisboa, João Semedo discursou no comício do Bloco de Esquerda de campanha eleitoral para as europeias - com o ex-líder bloquista, Francisco Louçã na audiência - e voltou a apontar críticas ao PS, apelando ao voto útil nos bloquistas.
«A mudança anunciada por António José Seguro é um engano e o voto em Francisco Assis, o voto neste PS é um desperdício. Porque engano e desperdício são continuar agarrados ao tratado orçamental ao mesmo tempo que se diz que não se quer austeridade», disse.
O coordenador do BE dirigiu-se à esquerda que quer a mudança e pediu-lhes para pôr os olhos na Alemanha porque aí «os amigos do Dr. António José Seguro governam com a senhora Merkel».
«É preciso dizer com clareza que votar no PS de António José Seguro, votar em Francisco Assis, é estar a ajudar o PS a no futuro vir governar com Pedro Passos Coelho», sublinhou, reiterando o alerta do sonho do Bloco Central que já tinha feito no arranque da campanha.
Sobre o Conselho de Ministros extraordinário de hoje, João Semedo insistiu nas críticas ao Governo considerando que foi «mais uma ordinária sessão de propaganda do Governo».
Na opinião do deputado bloquista, deste Conselho de Ministros saiu um aviso e um alerta, de que apesar da saída da troika, o país ficou hoje com a certeza que enquanto Pedro Passos Coelho e Paulo Portas continuarem no Governo, «a política da troika continua».
«Se nos queremos livrar da austeridade, temos que nos livrar deste Governo», declarou.
Os ataques ao PS já tinham começado antes, quando João Semedo falou daqueles que defendem a mudança - lema da campanha do PS a estas eleições europeias - considerando o bloquista que mudar «é libertar o país da política de austeridade» e que «não basta dizê-lo» ou transformar a palavra num slogan eleitoral.
«Quem promete mudança não pode defender o tratado orçamental», disse, um dia depois de ter desafiado Seguro a garantir que, se for Governo, vai rejeitar este tratado.