O Presidente da República destacou hoje Eusébio como "uma figura nacional (...) muito acima das querelas e das controvérsias que marcam o quotidiano", no discurso da cerimónia junto ao Panteão Nacional. Já Assunção Esteves lembrou Eusébio como a "imagem de uma fraternidade universal".
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"Eusébio é, verdadeiramente, uma figura nacional", vincou Cavaco Silva, depois de se associar, "com profunda emoção", à decisão unânime da Assembleia da República de conceder honras de Panteão Nacional ao antigo internacional português.
Para o chefe de Estado, "como desportista, como ser humano, Eusébio da Silva Ferreira esteve sempre acima, muito acima, das querelas e das controvérsias que marcam o nosso quotidiano", independentemente de "divisões ideológicas ou simpatias clubísticas".
Durante o discurso do Presidente da República, ouviram-se, ao longe, alguns assobios e gritos de protesto.
Cavaco Silva reiterou que o atleta que se notabilizou no Benfica "foi das personalidades mais cativantes" que conheceu na vida, pois "encarava com surpreendente humildade a grandeza do seu génio". "Admirado por milhões, tratava todos e cada um com uma extraordinária simplicidade, a simplicidade natural dos que são verdadeiramente grandes, que nada precisam de mostrar e exibir, porque têm a consciência serena do seu valor e da sua grandeza", continuou o Presidente da República.
Cavaco Silva sublinhou ainda que Eusébio "serviu a seleção nacional com uma dedicação sem limites", lembrando o seu choro após a derrota na meia-final do Mundial Inglaterra1966, precisamente diante dos anfitriões (2-1): "As lágrimas de Eusébio, nesse dia, foram as lágrimas de Portugal, no dia da sua morte".
"Eusébio da Silva Ferreira é um traço de união entre os portugueses, mas também no mundo lusófono. Pude testemunhar o carinho com que foi recebido em Moçambique, na sua terra natal", recordou ainda.
Já a presidente da Assembleia da República (AR) lembrou Eusébio como a "imagem de uma fraternidade universal", acrescentado que esta é "a homenagem de um povo inteiro".
Durante a sua intervenção na cerimónia de trasladação do antigo futebolista da seleção portuguesa para o Panteão Nacional, em Lisboa, Assunção Esteves afirmou que "num país à espera da justiça ele era a imagem de uma fraternidade universal que um dia há de valer entre todos e em todos os lugares".
"As suas vitórias - 'ajudar a equipa' como ele dizia - eram a celebração de um amor coletivo e também amor de mundo que nos ajudava e desmontava a convencionalidade das fronteiras", acrescentou a presidente da AR. Nas palavras de Assunção Esteves, a trajetória de Eusébio foi "de uma humanidade completa" e "gerava uma coesão positiva" que ligava todos.
Estiveram presentes na cerimónia, além do Presidente da República, Cavaco Silva, e da presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Marques Guedes, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, o secretário-geral do PS, António Costa, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, os líderes parlamentares de todos os partidos e deputados de vários quadrantes políticos.
Também marcaram presença o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, e o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, além dos familiares de Eusébio da Silva Ferreira e antigos jogadores, assim como atuais dirigentes 'encarnados' e o treinador da equipa de futebol.