"Evolução tecnológica dos anos 2000." Palco comédia cheio no Alive é "bué da fixe"
Os humoristas João Pedro Pereira e Diogo Batáguas atuaram esta quinta-feira no festival.
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Além da música, a comédia também tem invadido o Passeio Marítimo de Algés na 15.ª edição do NOS Alive. Se há uns anos as pessoas "achavam estranho" o humor num festival de música, agora, ano após ano, há cada vez mais interesse e o palco tem estado cheio: "Estes cinco anos parecem evolução tecnológica dos anos 2000."
João Pedro Pereira atuou às 19h00 no primeiro dia de Alive. À TSF, o humorista do Porto contou que 15 minutos antes do espetáculo começar "estavam meio dúzia de gatos-pingados", mas quando entrou em palco e viu o recinto "completamente cheio" foi "bué da fixe".
Também Diogo Batáguas, cabeça de cartaz do palco comédia desta quinta-feira, considerou que "stand up ao ar livre pode não ser o cenário ideal", mas vê que "há aqui uma oportunidade".
"Lembro-me que a primeira vez que atuei aqui, há muitos anos (...) estavam aqui 20 pessoas, aqui num espaço que tem espaço para mil. E hoje em dia este horário está muito bem-composto, tem muita gente", contou.
Com casa cheia, os dois comediantes da agência Kilt foram reis no festival. João Pedro Pereira tem 24 anos e diz ser "um bebé" neste mundo. Tem mais de 54 mil seguidores e o seu grande impulso foi através de "reels e vídeos nas redes sociais" a fazer stand up.
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"Eu não consigo estar no TikTok, sem tu me apareceres, está a ser mesmo uma batalhada de vídeos", disse o humorista para exemplificar o feedback que recebia inicialmente dos fãs e amigos.
Além de espetáculos de comédia, João Pedro Pereira tem um podcast - IQue? - que cresceu com esta "explosão" social.
Com vídeo, sem vídeo, ou com uma comunidade no Discord, o artista tem feito várias "experiências" no podcast que lhe permitem aproximar-se do público. Durante a sua atuação no Alive, por exemplo, chamou um festivaleiro para subir ao palco, algo que já era sabido para quem o acompanhava no Discord e que o ajudou neste processo.
Questionado sobre a possibilidade de fazer um espetáculo a solo pelo país, João Pedro Pereira assumiu que "gostava", mas não será para já.
"Eu tenho 24 anos e acho que não tenho muita coisa para dizer ainda, ou seja, eu estou só fazer as pessoas rir e gosto de fazer as pessoas rir. Quando tiver fazer um espetáculo, se calhar gostava de ter alguma coisa para dizer", disse.
Feliz e confiante com o crescimento do humor em Portugal, sublinhou que há uns anos "não havia nada disto" e que, se agora "um festival tão grande está a apostar [na comédia], então isto é uma cena".
Diogo Batáguas subiu ao palco às 22h45. Durante quatro anos, os seus 116 mil seguidores puderam assistir todos os meses ao "Relatório DB", uma ideia que surgiu do seu desemprego e culminou numa compilação de temáticas atuais que fizeram manchete durante o mês.
No Alive, o humorista não fez "stand up puro" e reutilizou esse projeto, que terminou em dezembro de 2022: "Se este ano tivesse havido Relatório, quais teriam sido as notícias mais tolas, que tive pena de não ter aproveitado?"
Um deputado cantor do PSD que lançou um videoclipe com a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, ou o Dalai Lama a pedir a uma criança para lhe chupar a língua foram alguns dos momentos escolhidos por Diogo Batáguas.
Apesar dos longos anos de experiência, o comediante também fica nervoso e confessou à TSF que "às vezes" fica "dias inteiros" a passar mal.
O NOS Alive decorre até sábado, dia 8 de julho, no Passeio Marítimo de Algés. Pelo palco comédia vão passar ainda artistas como Carlos Coutinho Vilhena, Hugo Sousa e Luís Franco Bastos.