"Experimentei e nunca mais quis sair." Iniciativa "Banda Vai à Escola" dá formação musical a dezenas de alunos no Algarve
"A Banda Vai à Escola" é um projeto do Agrupamento José Belchior Viegas, em S. Brás de Alportel
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No palco estão mais de 20 alunos do 4.º ao 12.º ano. Ensaiam as primeiras nos clarinetes, saxofones, trombones, tubas e flautas transversais. Vê-se pelas suas alturas a diferença de idades, mas todos estão unidos num projeto comum que teve início há alguns anos no Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas. Chama-se “A Banda Vai à Escola” e pretende ensinar música aos estudantes, levando-os a criar uma banda. Tocam instrumentos de sopro e percussão e esta terça-feira deram dois espetáculos no Cineteatro Jaime Pinto, em S. Brás de Alportel, para mostrar a toda a comunidade o que aprenderam e o que conseguiram alcançar ao longo do ano letivo.
Guilherme toca saxofone alto e já está no palco a afinar o instrumento, porque o espetáculo começa dentro de uma hora. Há três anos que integra o projeto, mas, quase a terminar o 12.º ano, é o último ano letivo que integra o grupo.Começou por curiosidade e ficou, conta à TSF.
Um amigo meu que já estava cá a tocar disse-me 'olha vai lá experimentar' e eu experimentei e nunca mais quis sair daqui.
"A música é algo que te faz sentir bem, que te faz livrar dos teus problemas e é bom para vir conviver com os amigos, é muito fixe mesmo”, assegura.
A ideia de criar este Clube de música e a banda partiu do professor Albano Neto, que desde 2007 dirige a banda filarmónica de S. Brás de Alportel. Decidiu criar um projeto que envolvesse os alunos deste agrupamento de escolas e, depois de autorizado pelo Ministério da Educação, incluído no Plano Nacional das Artes, teve a ajuda do Município de S. Brás de Alportel e da própria Filarmónica.
"Foi garantir a aprendizagem musical aos alunos que o desejassem, com as características de uma filarmónica, com o ensino gratuito e a possibilidade de tocarem em grupo e com diferentes idades”, explica.
Quase a terminar o ano letivo, a banda quis mostrar a toda a comunidade o que já sabe tocar e deu um concerto no cineteatro local. Nos rostos dos jovens músicos vê-se a satisfação do trabalho final.
"Vemos nas caras deles e também se deve ver na minha”, diz a rir o professor, sublinhando que este ano conseguiram subir "vários patamares em termos de qualidade" e fazer "um progresso enorme".
"Isso deve-se à persistência deles", garante Albano Neto.
A Banda Escolar deste projeto educativo é constituída por mais de 20 alunos, do 4.º ao 12.º ano, mas, no total, o projeto abrangeu neste ano letivo 44 alunos na aprendizagem de um instrumento musical e oito turmas de 4.º ano, ultrapassando os 200 alunos.
A Raquel, 12 anos, finalizou o 6.º ano de escolaridade. Toca percussão e conta que foi para a banda assim que teve oportunidade. Tímida, mas aguerrida, atuou mesmo com o pulso partido e engessado.
"Eu consigo, já não me dói tanto. Algumas [músicas] toco só com uma mão, mas dá para tocar na mesma", garante. Porque artista que se preze, nunca desiste.