Grupo 1143 associa imigrantes a criminalidade. Frente Cívica faz contramanifestação
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Logo à entrada da cidade de Faro há um grande cartaz onde se lê “Menos Imigrantes, Menos Crime”. É um outdoor do grupo 1143 a informar sobre uma manifestação que esta associação de extrema-direita vai realizar no sábado em Albufeira. Desde há vários dias que na rede social X têm sido várias as vozes a fazer a “chamada” para o encontro. Mário Machado, o líder deste grupo de extrema-direita, e Rui Fonseca e Castro, ex-juiz expulso da magistratura, são dois dos membros que aparecem nos vídeos a apelar à comparência.
A Câmara Municipal de Albufeira explicou à TSF que foi informada desta manifestação, mas o presidente espera que ela decorra de forma ordeira. ”Cada um tem a sua opinião e acho bem que se manifestem desde que seja de forma pacífica e respeitando os outros, com tolerância“, afirma José Carlos Rolo. O autarca afirma que à Câmara Municipal não compete autorizar ou não a manifestação, mas apenas verificar se há “danos ou problemáticas no espaço público”.
A concentração da extrema-direita contra a imigração está marcada para as 18h00 em frente à Câmara Municipal, mas três horas antes, na Praça dos Pescadores, um grupo que se denomina Frente Anti-Discriminação Algarve (FADA) convocou outra manifestação que afirma ser “contra o racismo a discriminação e em defesa da diversidade".
O concelho de Albufeira tem sido apontado como aquele onde há mais criminalidade, mas nenhum dado aponta para os imigrantes como os seus causadores. De resto, muitas destas ocorrências são pequenos crimes contra a propriedade, alguns em espaço público e perpetrados por turistas embriagados. O próprio presidente da câmara, numa conferência de imprensa onde apresentou o sistema de videovigilância da cidade, insurgiu-se contra a ideia, na sua opinião errada, que se está a criar sobre o concelho. Numa intervenção na Assembleia da República, o deputado Pedro Pinto, do Chega, citou Albufeira como exemplo do local com mais criminalidade do país.
Um dos porta-vozes da FADA esclarece que só avançaram com a ideia da manifestação depois de terem conhecimento do encontro do grupo 1143. ”Estão a tentar fazer, mais uma vez, a associação entre imigração e criminalidade, quando está mais que comprovado que não há qualquer relação”, salienta Hugo Lopes. Esta contramanifestação pretende ser também “um espaço onde as pessoas que não subscrevem esse tipo de pensamento se sintam à vontade para se manifestar”, acrescenta.
A frente cívica, que diz querer uma sociedade justa e inclusiva, admite que o Algarve tem grandes problemas de desigualdades, como a falta de acesso aos serviços de saúde e uma crise habitacional grave, mas salienta que estes problemas não têm qualquer relação com a classe de trabalhadores migrantes. Num comunicado enviado à TSF, esta frente considera que “o Algarve sempre foi uma região caracterizada pela sua diversidade cultural, tanto a nível turístico, como laboral”. “Mostraremos que o Algarve não discrimina e que a nossa força reside na nossa diversidade”, conclui.