O Parlamento português deixou de estar imune ao vírus da extrema-direita e para Augusto Santos Silva não pode haver transigências: é preciso combatê-lo.
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"Para eles ganharem, nós perdemos. Para eles perderem, nós temos que ganhar". O pragmatismo da afirmação não se traduz em facilidade. Augusto Santos Silva admite que a batalha contra o populismo e a extrema-direita "é difícil" e reconhece até que está "dividido" sobre a melhor forma de travar este combate. Mas, de uma coisa o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros está certo: "com esse vírus não pode haver complacência".
A metáfora - e Santos Silva faz questão de o sublinhar - não significa que esteja a "a dizer que a pessoa X, Y ou Z é um vírus". O ministro reconhece que André Ventura é "um deputado eleito pelo povo que tem todos os seus direitos para representar os eleitores". Mas a realidade política em Portugal mudou, diz e, se até às últimas eleições legislativas o Parlamento português estava "imune a este vírus", agora deixou de o estar. "Nós temos hoje esse vírus e devemos combatê-lo", defende Augusto Santos Silva que sugere uma estratégia "à Churchill" que passe por não ter qualquer "transigência" com o populismo e com a extrema-direita.
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"Marcelo é um bom antídoto contra o vírus do populismo"
As próximas presidenciais, já se percebeu, serão palco para este combate de que fala Augusto Santos Silva. André Ventura é o primeiro dos candidatos a avançar, numa altura em todos parecem estar à espera da decisão de Marcelo Rebelo de Sousa sobre uma eventual recandidatura.
A pouco mais de dois meses do Congresso do PS, onde já se deve começar a falar de presidenciais, falta saber se António Costa vai assumir já, na moção que vai apresentar, a posição dos socialistas. Apoiar uma eventual recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa é especulação que Augusto Santos Silva não quer fazer, até porque "não tenho o hábito de responder a perguntas que começam por «se»". Mas, em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, um dos homens de confiança do secretário-geral socialista, não tem problemas em afirmar que "o populismo é um vírus e um dos mais corrosivos nas democracias europeias" e que "Marcelo Rebelo de Sousa é um bom antídoto contra esse vírus".
Rui Rio "vai fortalecer o centro-direita e isso é bom"
Decididas que estão as lideranças no centro-direita, Augusto Santos Silva mostra-se agradado com a solução a que chegou o PSD e esperançoso numa superação por parte do CDS. O socialista que ficou conhecido por gostar de malhar na direita, lembra que "o país precisa de conservadores" e apesar "do momento difícil que o CDS está a atravessar", Santos Silva espera que o partido agora liderado por Francisco Rodrigues dos Santos "supere esse problema fortalecendo essa direita democrática".
Quanto ao PSD, Augusto Santos Silva considera que "resolveu o seu problema de liderança de uma maneira que vai fortalecer o centro-direita e isso é bom". O ministro de Estado de António Costa reconhece que "fortalece a oposição e vai dificultar a vida ao governo", mas não deixa de encarar esta realidade como algo positivo.