"Extremamente gravoso." Perto de um quarto das pessoas LGBT+ já foi alvo de tentativas de conversão
Das 424 pessoas que participaram no estudo desenvolvido pelo Ispa - Instituto Universitário, 52% sentiram-se obrigadas a iniciar a prática de conversão e 35% foram pressionadas a manter-se no processo.
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Quase um quarto das pessoas LGBT+ em Portugal já foram alvo de tentativas de conversão, revela um estudo do Ispa - Instituto Universitário. À TSF, o coordenador da investigação, Pedro Alexandre Costa, disse que esta situação pode ser algo "extremamente gravoso".
O estudo "Saúde Mental, Experiências de Terapia e Aspirações de Vida de Pessoas LGBT+" contou com a participação de 424 pessoas. Os resultados mostram que 22% foram sujeitas a práticas de conversão em contexto religioso, médico ou psicoterapêutico, 52% das pessoas sentiram-se obrigadas a iniciar a prática de conversão e 35% foram pressionadas a manter-se no processo.
Pedro Alexandre Costa explica que as práticas variam consoante o meio e os autores, podendo ir de formas mais violentas a práticas mais subtis: "Poderá ir desde uma prática desadequada em contexto terapêutico médico, com insinuações ou afirmações de que a homossexualidade ou identidade de género trans constitui uma patologia. (...) Ou numa forma mais radical. Conhecemos, por exemplo, campos de conversão e que as pessoas podem ser exorcizadas ou podem ser privadas de comida, por exemplo."
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No entanto, em Portugal não há registo destas formas mais extremas. Existe, por outro lado, relatos de "pessoas mais jovens" e "mais vulneráveis" de que se sentiram obrigados a tentar mudar a sua orientação sexual.
"[Os jovens] estão numa fase em que estão a construir a sua identidade e, portanto, receberem esta ideia de que uma parte da identidade delas não é aceite por parte de uma figura, que é reconhecida como uma figura de autoridade, pode ser extremamente gravoso", sublinha.
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O estudo revela que 62% das pessoas afirmam ter sido conduzidas a estas práticas de conversão por outra pessoa. Estas pessoas apresentam também piores indicadores de sofrimento global, de bem-estar psicológico, queixas físicas e somáticas, funcionamento social e relações interpessoais e risco próprio.
O "Saúde Mental, Experiências de Terapia e Aspirações de Vida de Pessoas LGBT+" está a ser desenvolvido também na Espanha, Colômbia, Equador, Chile e Israel.