"Facilitar processo." Autoridades preparam sistema de mensagens para marcação de vacinas nos centros de saúde a maiores de 85 anos
Este ano, este grupo etário vai ser vacinado nos centros de saúde e não nas farmácias comunitárias. O objetivo é marcar antecipadamente a deslocação
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Na véspera de arrancar a campanha de vacinação contra a gripe e Covid-19, as autoridades de saúde querem evitar transtornos aos maiores de 85 anos e, por isso, está a ser preparado um sistema de envio de mensagens que permita a marcação da toma das vacinas no centro de saúde. Este ano, os mais velhos não poderão ser vacinados nas farmácias comunitárias, como acontecia até este momento. Em declarações à TSF, o presidente da Associação Nacional Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, afirma que a decisão faz algum sentido, sublinhando que ela não é definitiva.
"Esta vacina é uma vacina de dupla dose e, por isso, o objetivo desta vacinação para as pessoas com 85 anos ou mais é vaciná-las e dar-lhes uma proteção acrescida daquilo que é a sua resposta imunitária para a gripe. Como não foi aplicada em contexto alargado populacional, é primeiro preciso perceber que impacto vai causar nas pessoas. Para termos maior segurança, fazê-lo nos serviços de saúde dá-lhes maior proteção. A partir do momento que se torne uma vacinação habitual, poderá depois ser alocada às farmácias e, portanto, essa possibilidade não está impedida a 100% para todo o sempre. Estamos apenas agora a fazer uma introdução da vacina nova com uma monitorização mais cautelosa", explica à TSF Gustavo Tato Borges, alertando que "há vantagens e desvantagens".
"Há o problema de ter de ir ao centro de saúde e, portanto, ter de registar a sua vinda e as coisas não seriam tão fáceis como ir a uma farmácia e pedir a vacinação", reconhece. O presidente da Associação Nacional Médicos de Saúde Pública adianta, ainda assim, que as entidades competentes "estão a trabalhar em conjunto para que estas pessoas possam receber uma mensagem e depois dizerem que querem ser vacinadas, ser-lhes marcada uma hora e facilitar este processo de registo".
Sobre a eficácia da vacina, Tato Borges diz que compreende a existência de dúvidas entre a população, mas garante que não há motivos para receios ou hesitações.
"A vacina para a Covid-19 é elaborada devido à tecnologia que tem para as variantes mais recentes. Obviamente que, agora, a última das últimas não estará presente. A maioria destas variantes que estão a circular são da família da variante Ómicron, que apareceu já há bastante tempo e por isso estas vacinas são todas eficazes para estas novas variantes que vão surgindo, mais ou menos, e conferem sempre um acréscimo de proteção, pela qual é sempre interessante que continuam a ser vacinados os grupos de risco e as pessoas incluídas na norma. Mas é normal haver uma grande dúvida entre a população relativamente a este assunto, porque esta doença, apesar de tudo, ainda é uma doença nova e, obviamente, andamos sempre atrás do aparecimento destas novas variantes", esclarece.
O presidente da Associação Nacional Médicos de Saúde Pública sublinha ainda que a variante mais recente foi comunicada há dois dias. Surgiu em 15 países da Europa, América Latina e Ásia.
"A variante XEC poderá vir a substituir a JN.1 e as suas derivadas, que eram aquelas que estavam em circulação antes e provavelmente serão aquelas que estarão em maior percentagem na vacinação que vamos ter agora para a Covid. A verdade é que continua a ser da mesma família. Não há dados concretos do número de pessoas totais infetadas, porque efetivamente o mundo já não testa para esta doença de uma forma massiva, apenas temos conhecimento daquilo que leva à procura de serviços de urgência e a cuidados de saúde diferenciados, como internamentos, e até mesmo óbitos. Neste momento, em Portugal não está a ser um problema, mas ainda é uma linhagem muito recente para termos dados muito concretos", acrescenta.