Para Miguel Pinto Luz, Rui Rio não soube "unificar o PSD" e há quadros "absolutamente esquecidos". Ainda assim, o autarca saúda o esforço para trazer Carlos Moedas para o combate autárquico em Lisboa.
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Um ano depois das diretas e do congresso que reconduziram Rui Rio à liderança do PSD, Miguel Pinto Luz, adversário de Rio na primeira volta dessas eleições internas, encontra ainda um partido dividido: "Ficou por fazer a unificação, a mobilização do partido como um todo, e não um partido de fações".
Entre as exceções ao "ambiente de exclusão", Miguel Pinto Luz elogia a "recuperação de Santana Lopes", mas critica " a postura sectária" de esquecer outros militantes.
"Eu lamento profundamente que não se tenha proporcionado, por exemplo, a recuperação de outros militantes que saíram do PSD e que não se tenha valorizado outros militantes, como Luís Montenegro, ou Maria Luís Albuquerque, Hugo Soares, Marco António Costa ou José Eduardo Martins, que são quadros de enorme qualidade e relevo no PSD e que estão absolutamente esquecidos", afirma em declarações à TSF.
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Miguel Pinto Luz não adianta, por agora, que consequências devem ser retiradas se o PSD não passar no teste autárquico, prefere elogiar o esforço da direção de "convocar os melhores", como Durão Barroso fez em 2001, "com excelentes resultados".
"Quando vejo a possibilidade de um Carlos Moedas ir a Lisboa, Rangel no Porto, do Pedro Santana Lopes em Coimbra, ou Isaltino Morais em Oeiras, vejo como muito positiva esta vontade do líder de encontrar os melhores para esta batalha. E também vejo com muito bons olhos aquilo que tem vindo a público, do repto para que os principais rostos assumam responsabilidades nestas eleições, como é o caso do Ricardo Batista Leite, da Filipa Roseta, do Joaquim Miranda Sarmento".
No balanço deste último ano de liderança de Rui Rio, Miguel Pinto Luz considera que o PSD não tem apresentado um "discurso pós pandemia" que mostre o partido como alternativa e evite o crescimento de outros partidos na área da direita.
"Mais do que negócios, são famílias que hoje atravessam um drama único e que precisavam de um porta-voz. Esse porta-voz tinha de ser o PSD e o PSD não o tem feito. E ao não mostrar soluções, o PSD tem sido um catalisador da ascensão dos partidos de nicho que vão abanando o sistema democrata liberal", afirma à TSF Miguel Pinto Luz.
"Estes três fenómenos no centro direita aconteceram nos últimos três anos e, por isso, temos de fazer uma pergunta interna: o que é que nós não fomos capazes de responder para que a sociedade visse a necessidade de criar a proliferação desses partidos no centro-direita? Foi o PSD que não soube dar resposta a esse centro-direita", conclui o adversário de Rio nas últimas diretas.
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Mas se aponta a ausência de "um rosto, um discurso e alguma credibilidade" na área da Economia, Pinto Luz considera ainda que o PSD não tem tido discurso para outras áreas, como a Cultura ou o Ambiente": tem havido uma "ausência total", conclui.
Questionado sobre a possibilidade de um Orçamento retificativo, Miguel Pinto Luz defende que esse debate pode servir para que o PSD mostre o "discurso do pós-pandemia" e tente "condicionar o PS, numa altura em que a "geringonça" está cada vez mais frágil e distante".
"É a oportunidade para o PSD reafirmar o seu discurso social-democrata, a sua resposta ao centro".
Há um ano, Rui Rio recandidatou-se à liderança do PSD, tendo vencido (com 17. 157 votos) à segunda volta, frente a Luís Montenegro (que registou 15.086 votos). Na primeira, Rui Rio tinha obtido 49,4%, Luís Montenegro 41,2% e Miguel Pinto Luz 9,3%.