Falta de atratividade e "incerteza": nunca houve tão poucos candidatos a guardas prisionais
Das 225 vagas abertas, só 58 candidatos iniciaram o curso. Em declarações à TSF, Frederico Morais lamenta a falta de atratividade da carreira: "Ao longo dos anos foi-se perdendo a atratividade nas forças de segurança"
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Nunca houve tão poucos candidatos a guardas prisionais. O alerta é do presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, na sequência da notícia de que o concurso para a formação de novos guardas não tem nem um quarto das vagas preenchidas.
Das 225 vagas abertas, só 58 candidatos iniciaram o curso, de acordo com dados revelados pelo jornal Correio da Manhã. Houve apenas 292 candidatos, quando há duas décadas estes concursos mobilizavam milhares de interessados.
Em declarações à TSF, Frederico Morais considera que é um sinal da falta de atratividade da carreira. O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional defende que os testes foram até mais fáceis para permitir que mais pessoas entrem na formação.
"Tudo demonstra que os testes podem ter sido facilitados para os candidatos poderem entrar. No passado, estas vagas teriam milhares de candidatos para entrar. Ao longo dos anos foi-se perdendo a atratividade nas forças de segurança, porque isto é transversal a todos as forças de segurança, devido à falta de valorização da carreira. A nível de ordenado, estamos pouco mais de 150 euros à frente do ordenado mínimo. No caso da guarda prisional, ainda temos de fazer trabalho suplementar para completar o ordenado e ganhar mais alguma coisa", explica à TSF Frederico Morais.
Outros dos problemas apontados é a demora do processo de candidatura, algo que, entretanto, terá sido resolvido. "Conseguimos que o próximo concurso seja igual à GNR e PSP, o próximo concurso irá demorar já só seis-sete meses, o que já é uma vantagem", diz Frederico Morais, destacando ainda a "incerteza".
"As pessoas têm de se despedir do local de trabalho onde estão e depois têm de dar meses à casa. Na incerteza de não saberem quando poderiam vir, houve muitos que pagaram indemnização ou não vieram porque não tiveram tempo para dar à casa", acrescenta.
O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional reivindica melhores salários e a separação entre a reinserção social e a segurança para tornar a carreira mais atrativa.