Falta de limpeza na Estrada Nacional 236 preocupa população de Castanheira de Pera
População queixa-se que, com as mimosas e arvoredo, não se vê a estrada: "Depois do fogo de 2017, aquilo está pior do que o que estava antes".
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A estrada que liga Derreada Cimeira, no concelho de Pedrógão Grande, a Além da Ribeira, em Castanheira de Pera, tem cerca de dez quilómetros. É feita de curvas e contracurvas e, com a mata a invadir o alcatrão, é cada vez mais difícil fazer a Estrada Nacional 236 em segurança.
Vítor Henriques mora em Derreada Cimeira e percorre a estrada todos os dias. Garante que "há sítios em que já não se consegue ir à valeta. O risco contínuo lateral da faixa de rodagem já não se vê". "A pior parte da estrada é esta da serra, porque não há pessoal para limpar", lamenta.
Em Além da Ribeira, Rosa Maria teme que, caso haja um incêndio, a situação fique descontrolada. "Já em 2017 não estávamos bem e estamos sujeitos outra vez ao mesmo. Não se vê a estrada com as mimosas e com o arvoredo. Depois do fogo aquilo está pior do que o que estava antes", garante.
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O marido, José Alberto, realça que "onde havia uma mimosa, com o incêndio nasceram duas ou três". Além disso, "há muitos eucaliptos e sobreiros que secaram com o fogo" e que, caso haja mau tempo, "um carro que vá ali passar pode levar com aquilo em cima e pode matar alguém".
A falta de tratamento nas margens das estradas preocupa várias pessoas. Cecília Tomé considera que nem a EN236, "nem muitas de cá da zona", estão em bom estado. "Quem tem olhos na cara vê, com duas faixas está uma", reforça. Cecília explica que as estradas "costumam ser limpas, mas alguma coisa está atrasada e o risco é cada vez maior."
Para evitar percorrer a Nacional 236, a população recorre cada vez mais ao IC8. Mas há quem não tenha alternativa e arrisque conduzir em contramão para fugir ao mato que cada vez mais invade a estrada.
"Tivemos o cuidado de limpar"
A presidente da Câmara de Castanheira de Pera, Alda Carvalho, garantiu que as bermas e valetas começam, mesmo esta terça-feira, a serem limpas pela autarquia, que já fez algum trabalho, apesar de, nos últimos dias, com a situação de alerta por causa do risco de incêndio, ter suspendido os trabalhos por estar proibido o uso de máquinas.
"Uma equipa já fez, com meios próprios, 1400 metros de limpeza, não em termos de faixas de gestão, mas tivemos o cuidado de limpar. Parámos esta execução dos 1400 metros atendendo também à situação de alertas que temos vindo a ter e que impossibilitam o trator de trabalhar", explicou à TSF Alda Carvalho.
Quanto aos dez metros de limpeza de cada lado da estrada, a chamada faixa de gestão de combustível obrigatória por lei, a autarca explica que o trabalho foi entregue a uma empresa e espera que comece muito brevemente a ser feito.
"O procedimento já foi feito, o contrato já está a ser assinado e contamos que a empresa comece assim que possível, sabendo nós também que os primeiros dias de agosto são complicados em termos de disponibilidade das empresas por causa do período de férias", acrescentou a autarca.