Presidente da APEL sublinha que, no atual cenário e com mais sanções à Rússia a caminho, não consegue dizer até quando é que o setor resiste.
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A guerra trouxe a escassez de alguns alimentos, mas também há falta de papel para editar livros. O presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral, explica que, até ao momento, não há falta de editoras paradas, mas há muitas dificuldades.
"A APEL não tem conhecimento, neste momento, de livros que não tenham sido impressos por falta de papel. Sei, no entanto, que vários editores já atrasaram e adiaram algumas edições. Ainda não chegámos ao ponto de os jornais regionais deixarem de imprimir, mas a situação continua bastante complexa e difícil, não só pela escassez mas também pelo preço a que é colocado o papel que existe", explicou à TSF Pedro Sobral.
Além do papel, nas gráficas faltam outros produtos de que se fazem os livros.
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"Não é apenas um problema de papel, é também de outras matérias-primas. Há gráficas que têm tido, aqui e acolá, dificuldade em encontrar produtos como a cola ou o verniz. Os próprios serviços de gráfica tornaram-se mais caros porque as gráficas têm um consumo energético elevado e esse custo, que agora é basicamente estratosférico, também tem colocado uma enorme pressão nos custos de produção. Por isso temos aqui variadíssimos ângulos que estão a colocar uma enorme pressão sobre o setor e, acima de tudo, sobre o preço", revelou presidente da APEL.
Pedro Sobral sublinha que, no atual cenário e com mais sanções à Rússia a caminho, não consegue dizer até quando é que o setor resiste.
"É imprevisível, a questão é essa. Neste momento vamos ter novas regras restritivas à Rússia que impactam diretamente no petróleo e no gás natural. Isso, obviamente, vai colocar pressão nos custos energéticos e impacta diretamente nas produtoras de papel e nas gráficas. Por isso não sei se estamos aqui perante um cenário de maior subida, posso é dizer que é completamente imprevisível e isso é grave", acrescentou.
Para já, os editores e livreiros admitem que não conseguem segurar mais o preço dos livros.