Falta de quartos para estudantes em Lisboa é "alarmante" e exige "que o Governo se apresse"
Federação Académica de Lisboa pede "intervenção urgente" e "financiamento" para resolver a escassez de alojamento académico no país.
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De Norte a Sul do país, sucedem-se as queixas: não há alojamento suficiente para os estudantes que entraram para o ensino superior. E a oferta que há disponível é, para muitas famílias, incomportável. O problema, que já era "preocupante", é agora "mais alarmante", afirma à TSF o presidente da Federação Académica de Lisboa.
Se antes das colocações já havia relatos de dificuldades em encontrar um alojamento, o que se espera agora é que as queixas aumentem, depois de quase 50 mil estudantes terem ficado colocados no ensino superior na primeira fase de acesso.
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"Já havia uma inexistência muito grande de quartos e de preços muito inflacionados no mercado, especialmente quando estamos a falar de Lisboa. Acho que este ano tanto uma [coisa] como outra se acentuaram", sublinha João Machado. E acrescenta: "Mesmo que um estudante até consiga arranjar um quarto, é uma outra história saber se está disponível e se a família consegue pagar 300, 400 ou 500 euros por mês."
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O responsável aponta que o Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES), criado em 2018 com o objetivo de duplicar o número de camas para os estudantes universitários, teve até agora uma "execução fraquíssima".
A expectativa é que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) seja um impulso para que o programa dê frutos. "Efetivamente, é um plano até 2026 (...) A verdade é que ainda não se começaram a criar camas. Era importante que fosse avançando e que fosse executado o mais rapidamente possível", diz.
O problema do alojamento, frisa João Machado, "requer intervenção urgente, investimento e que o Governo se apresse". "Exige-se uma antecipação do problema que não houve até agora", acrescenta, esperando notícias para "breve" relativamente a esta questão.
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E no imediato, o que pode ser feito? "No imediato, infelizmente, não há muito que se possa fazer", responde, lançando, no entanto duas ideias: atribuir benefícios fiscais para quem aluga quartos aos estudantes e estabelecer protocolos com o alojamento local, à imagem do que se fez durante a pandemia.
Esta segunda-feira, também a presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Ana Gabriela Cabilhas, manifestou preocupação com a falta de alojamento para os estudantes que chegam ao ensino superior, referindo que "estão colocados, mas desalojados".
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Quase 50 mil alunos conseguiram entrar para o ensino superior na primeira fase do concurso nacional de acesso, em que só 19% dos candidatos não obtiveram colocação.
No total, são 49.806 novos estudantes no ensino superior público, o segundo maior número em 33 anos, superado apenas pelos quase 51 mil alunos que ficaram colocados na primeira fase do concurso em 2020.
O crescente número de alunos no ensino superior é visto como uma "boa notícia" para o país, mas do universo académico surgem vários alertas. Em declarações à TSF no domingo, o Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) também avisou que são necessárias "condições" para acolher os alunos e, ao mesmo tempo, dar estabilidade ao corpo docente das instituições de ensino.
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