Falta de técnicos obriga médicos a colher sangue no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte
Clínicos vão parar de fazer colheitas para obrigar conselho de administração a contratar.
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Há vários meses que a colheita de sangue para análises clínicas no Serviço de Gastroenterologia dos hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, em Lisboa, está a ser feita por médicos devido à falta de técnicos.
Agora, os clínicos alegam que o excesso de trabalho está a por em causa a prestação de cuidados de saúde e, por isso, decidiram deixar de fazer colheitas para obrigar o conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte a contratar.
À TSF, Nidia Zózimo, do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, fala numa situação insustentável. "Não há técnicos e quem colhe o sangue são os médicos durante uma ou duas horas todas as manhãs, em vez de estarem a ver doentes ou fazer consultas."
A representante sindical fala de uma situação "impossível de gerir" quando há "macas nos corredores e doentes para dar alta", sublinhando que colher sangue "não é função médica" e que os cuidados saem prejudicados.
A partir de agora, os médicos só vão realizar colheitas de sangue para analises clínicas em situações de urgência, o que deve provocar atrasos nas altas e em tratamentos não-urgentes. "Os sangues têm de ser colhidos de manhã cedo para que ao final da manhã ou à hora de almoço tenhamos os resultados" para adaptar tratamentos ou dar alta aos doentes, explica Nidia Zózimo.
Sendo que estas atividades levam uma a duas horas, a sindicalista admite que "não é possível" dizer que não vão existir atrasos. Os médicos garantem que perdem milhares de horas num trabalho que devia ser feito por técnicos especializados e acusam o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte de ignorar o problema.