Falta de vacinas nos centros de saúde põe em causa "proteção atempada" das crianças
O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública lamenta que as mudanças na organização do SNS não tenha salvaguardado esta situação.
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A falta de vacinas nos centros de saúde está a pôr em causa a proteção das crianças. O alerta é dos médicos de saúde pública depois de na quinta-feira a Ordem dos Enfermeiros ter denunciado que faltam vacinas. É o caso do tétano e do sarampo.
O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, lamenta não se tenha salvaguardado esta situação com as mudanças na organização do Serviço Nacional de Saúde.
"Não há nenhuma zona que neste momento possa estar bem em termos de quantidade destas vacinas e isto acontece porque na passagem das ARS para as ULS não foi acautelada a compra das vacinas para passar de um lado para o outro e, portanto, a ARS não fez as compras das vacinas para 2024, não abriu esse concurso. As ULS que só entraram em vigor em janeiro, só a partir de Janeiro é que puderam começar a fazer essa aquisição. É um processo que está a demorar e neste momento temos esta limitação que faz com que haja risco de não conseguirmos proteger atempadamente as nossas crianças para algumas vacinas. Isso é um risco que gostaríamos de ver eliminado o mais depressa possível", explicou à TSF Gustavo Tato Borges.
A Direção-Geral da Saúde já admitiu stocks de vacinas abaixo do desejável, mas assegura que os objetivos do Programa Nacional de Vacinação não estão ameaçados. No entanto, Gustavo Tato Borges pede uma resposta urgente ao novo Governo.
"Se a ministra e a secretária de Estado forem, de facto, confrontadas com esta necessidade penso que poderão agilizar isto de uma forma extraordinária. Em breve temos Conselho de Ministros. Há aqui a possibilidade de haver uma autorização extraordinária para a compra. Se houver essa disponibilidade por parte da ministra e da secretária de Estado era extraordinário porque alivia o trabalho que as ULS têm, trabalho burocrático de aquisição das vacinas. É preciso, acima de tudo, tornar este mecanismo mais ágil e que seja feita a compra por alguma entidade mais central, uma entidade nacional e não cada ULS a fazer as compras, mas que depois possa distribuir as vacinas", acrescentou o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública.
No início deste ano acabaram as Administrações Regionais de Saúde que, até então, tinham a possibilidade de comprar as vacinas. Esse papel passou a estar nas mãos das Unidades Locais de Saúde e, de acordo com os médicos de saúde pública, a falta de planeamento é a principal responsável pela falta de vacinas que se verifica.
