Faltou rastilho e apoio. As razões da fraca adesão ao protesto dos coletes amarelos
O politólogo António Costa Pinto analisou as razões do falhanço dos coletes amarelos em Portugal.
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Prometiam parar Portugal, mas foram poucas as centenas de pessoas que saíram às ruas para participar nos protestos dos coletes amarelos no país. As ações de protestos causaram alguns congestionamentos de trânsito ao longo do território nacional mas, pouco depois das 19h, restavam menos de duas dezenas de manifestantes observados de perto por cerca de 50 polícias.
O protesto que estava marcado para o Palácio de Belém não chegou sequer a acontecer e, à TSF, o politólogo António Costa Pinto explicou que para ter sucesso, este protesto teria que acontecer noutra conjuntura. Houve, acima de tudo, duas grandes razões para o falhanço dos coletes amarelos em Portugal: a ausência de um "acontecimento desencadeador" e a falta de apoio por parte de "outro tipo de organizações".
"Nós tivemos uma tentativa de coletes amarelos em versão portuguesa, mas não houve um acontecimento desencadeador, uma medida de austeridade ou outra qualquer. Além disso, no caso português, manifestações deste tipo - novo e inorgânico - precisam sempre contar com o apoio de outro tipo de organizações. Sejam sindicatos, sejam organizações da sociedade civil", explica o politólogo, relembrando que o mesmo tipo de mobilização podia ter tido sucesso noutro cenário.
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"Já houve manifestações destas em Portugal com bastante sucesso, mas com um acontecimento desencadeador. Veja-se, há muito anos, o caso da ponte sobre o Tejo", relembrou.
Apesar da falha nos protestos desta sexta-feira, António Costa Pinto não desvaloriza os protestos desta sexta-feira, reconhecendo que têm potencial. O problema em Portugal, diz, é a dificuldade de mobilização.
"Vale a pena pensar sempre que neste caso, como no caso de partidos de eventuais extrema-direita ou outros, existe sempre um potencial. O difícil é mobiliza-los. No caso português, o que tem sido sempre muito difícil é mobilizar uma parte da sociedade portuguesa para este tipo de movimentos sociais", considera o politólogo.