"Fartos de não serem ouvidos." Enfermeiros no Algarve só fazem cirurgias urgentes e paralisam alguns serviços
Os enfermeiros cumprem esta quinta-feira o segundo dia de greve
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Depois do primeiro dia de greve, realizado no final da semana passada, os enfermeiros do Algarve garantem que por parte da administração da Unidade Local de Saúde (ULS) só obtiveram silêncio: "Não houve nenhum sinal por parte da administração para haver uma conversação, haver diálogo e até contrapropostas."
Alda Pereira, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), diz que à TSF que "os enfermeiros continuam sem ser ouvidos” e, por isso, esta quinta e sexta-feira cumprem o segundo e terceiros dias de paralisação.
A sindicalista garante ainda que a greve ronda uma adesão total entre os 60 e 70%, mas há serviços em que os enfermeiros não compareceram em peso, como "os serviços de medicina um e dois, pediatria e obstetrícia". Também estão a ser efetuadas apenas as cirurgias urgentes e as oncológicas.
A falta de profissionais e o não cumprimento dos direitos dos enfermeiros está na origem da greve. De acordo com o SEP, no ano passado nesta ULS faltavam mil enfermeiros e todos os dias saem profissionais, ou para os hospitais privados, ou deixam de vez a profissão.
Uma das reivindicações dos enfermeiros passa pelo pagamento dos retroativos desde 2018, uma bandeira que o sindicato garante já ter vencido em tribunal duas vezes, decisões de que o Conselho de Administração recorre sempre.
O sindicato assegura que outras ULS do país já pagaram o que é devido aos enfermeiros, mas na semana passada, após o primeiro dia de greve, o Conselho de Administração da ULS do Algarve em comunicado considerou que “o quadro legal vigente apenas permite pagar os retroativos a 1 de Janeiro de 2022” .
O SEP garante ainda que existem enfermeiros com 80 dias de folgas de compensação por trabalho em feriados e dias de descanso semanal que, a cumprir a lei, estariam ausentes dos serviços dois, três ou mais meses.