O tomate Coração de Boi é por estes dias a grande especialidade gastronómica no Douro. O fruto tem vindo a ganhar terreno e importância numa região onde o vinho é e sempre foi rei.
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Esta sexta-feira na quinta do Vallado, na Régua realizou-se a terceira edição do concurso do melhor tomate "Coração de Boi" do Douro e há quem percorra uma distância considerável atrás deste fruto. "Atualmente vivo em Lisboa e faço 800 quilómetros só para comer um par destes tomates".
Quem o diz é o chefe Miguel Castro e Silva, um dos júris do concurso. Entre Porto e Lisboa tem sete restaurantes. Adora os tomates "Coração de Boi" do Douro. "Em 2014 estive nas vindimas em Ventuzelo e comia, pelo menos, um quilo de tomates todos os dias".
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Este ano, o concurso que é itinerante, foi feito na quinta do Vallado. João Alves Ribeiro é o responsável da herdade que faz vinho há gerações e onde o Coração de Boi sempre teve um lugar especial. "Durante muitos anos os donos desta quinta, os meus pais e os meus tios, nunca os ouvi falar em dividendos mas se, chegada esta altura e não iam os cestos com o coração de boi, quem estivesse a gerir a quinta tinha os dias contados (risos).
E nos últimos 27 anos, a obrigação do cultivo tem estado nas mãos de Manuel Rodrigues, o hortelão da casa que já conta 63. Diz que apesar de serem grandes, os tomates não precisam de cuidados muito diferentes dos outros.
"Nós aqui metemos um pau de cada lado, tipo bardo nas vinhas. Depois uma cana no fundo para prender os primeiros braços do tomateiro e depois é só acrescentar água e vê-los crescer". E acrescenta que o que distingue este de outros tomates é "o gosto".
O gosto é também um dos parâmetros de classificação que diferencia os tomates, mesmo entre os 24 produtores de Coração de boi, que este ano foram a concurso. Francisco Pavão foi o presidente do Júri. "Avaliamos o aroma, o sabor, a crocância, a firmeza, suculência e no final a harmonia. Neste momento este tomate tem uma grande projeção no Douro. Era um produto que estava praticamente esquecido e agora já há quem procure as sementes para plantar aqui e noutros lados", salienta.
Os restaurantes da região também estão a aderir à projeção deste grande tomate. Daniel Gomes é chefe no Cais da Vila em Vila Real. Diz que é um produto de excelência porque "na sua altura tem uma sustentabilidade numa refeição e é muito fresco. Para ser consumido basta juntar flor de sal".
Para temperar ainda mais a importância do Coração de boi do Douro, a organização do concurso, diz Celeste Pereira, da empresa Green Grape, já pensa numa denominação protegida "Para defender este fruto que é um dos melhores do pais e a prazo conseguirmos uma IGP para a região", (Indicação Geográfica Protegida).