Federação de dadores responsabiliza Governo pela falta de reservas de sangue: "Nunca teve capacidade de ver isto como um bem essencial"
A escassez de profissionais e a falta de incentivos está a condicionar as reservas de sangue, refere a FEPODABES na TSF
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A Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES) responsabiliza na TSF o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) e o Ministério da Saúde pelos baixos níveis de reservas de sangue. No entender do presidente desta federação, Alberto Mota, esta escassez representa uma preocupação para os hospitais portugueses, ao ponto que já têm adiado algumas cirurgias e tratamentos.
Alberto Mota sublinha que esta situação se deve à falta de dois pilares essenciais: profissionais de saúde e políticas de incentivo, tais como o "direito ao dia em que o dador vai dar sangue", que está "pendente na Assembleia da República".
Quem esteve à frente do Instituto e do Ministério da Saúde nunca teve a capacidade de olhar para a doação como um bem essencial para tratar dos nossos doentes
O presidente da FEPODABES assinala ainda que o problema não se explica somente pelo envelhecimento dos atuais dadores, mas também pela falta de dadores mais novos: "Não há política nenhuma para captar jovens, não há literacia de saúde na dádiva de sangue, não há qualquer incentivo ao dador de sangue e tudo isto leva a uma redução."
"O Ministério da Saúde nunca se adaptou a este momento novo", acrescenta.
Apesar dos "custos" que novas medidas possam representar para o Governo, Alberto Mota acredita que podem resolver o problema, por exemplo, "com o prolongamento de horários". Aliás, a FEPODABES enviou há cerca de 15 dias uma proposta ao IPST que consistia em "alargar o horário de atendimento dos dadores de sangue até às 21h00", salvaguardando que esta é uma medida já aplicada noutros países.
Além do pedido de melhoria deste serviço ao Instituto Português do Sangue e da Transplantação, Alberto Mota apela à doação de sangue a todas as pessoas saudáveis que o possam fazer.
