A paralisação surge em resposta à posição do Governo de "legislar unilateralmente" o novo regime de dedicação plena, sem a concordância dos sindicatos.
Corpo do artigo
A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) anunciou esta terça-feira uma nova greve, em 17 e 18 de outubro, em resposta à posição do Governo de "legislar unilateralmente" o novo regime de dedicação plena, sem a concordância dos sindicatos.
Justificando a nova greve, a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, disse à Lusa, à saída da sétima reunião negocial extraordinária no Ministério da Saúde, que o Governo "vai legislar unilateralmente, sem a concordância dos sindicatos", o novo regime de dedicação plena e a grelha salarial associada, "agravando as condições de trabalho" dos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A Fnam já tinha agendado dois dias de greve nacional para 14 e 15 de novembro e uma manifestação à porta do Ministério da Saúde, em Lisboa, para 14 de novembro.
Em julho e agosto, os médicos cumpriram dois dias de greve, promovida igualmente pela Fnam.
As negociações entre Governo e sindicatos dos médicos iniciaram-se em 2022 sem que as partes tenham chegado a consenso.
Esta terça-feira foi a última ronda negocial.
Segundo a Fnam, a dedicação plena implicará que os médicos hospitalares trabalhem mais horas (nove horas diárias e 250 horas extraordinárias por ano).
A presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, lamenta que o Governo não tenha aceitado as propostas dos médicos e queira legislar sozinho.
TSF\audio\2023\09\noticias\12\joana_bordalo_e_sa_1_reuniao
"O que nós podemos dizer é que o Ministério da Saúde e o Governo vão legislar unilateralmente as temáticas das unidades de saúde familiar e da dedicação plena, não incorporando as propostas que os médicos fizeram para melhorar essas duas temáticas. Isto só vai fazer com que haja ainda mais médicos a sair do SNS porque o que nos está a ser proposto é ainda mais trabalho e condições desumanas de trabalho", defende a líder da Fnam.
Por sair da "sétima reunião extra protocolo negocial - muito infelizmente - sem nada de novo para dizer aos médicos e aos utentes", Joana Bordalo e Sá destaca a necessidade de mais protestos, prometendo "intensificar a luta".
TSF\audio\2023\09\noticias\12\joana_bordalo_e_sa_2_greves
"Além de manter a caravana e apelar a que os médicos coloquem as minutas das 150 horas extraordinárias para não fazer mais trabalho extraordinário para além disso - vamos também ter a greve de 14 e 15 de novembro nacional para todos os médicos com uma manifestação nacional no dia 14 e, além disso, estamos a anunciar também greves no dia 17 e 18 de outubro para intensificar", sublinha.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) também lamenta que o Ministério da Saúde não tenha uma vez mais dado resposta às exigências do sindicato, sobretudo aos problemas que afetam os médicos nos hospitais.
TSF\audio\2023\09\noticias\12\jorge_roque_da_cunha_1_proposta_salario
A proposta que está em cima da mesa é um aumento para os médicos que estão em 40 horas - que é a esmagadora maioria dos médicos neste momento - é de cerca de 3,1% e são médicos que não têm aumentos salariais há dez ano e 3,1% não é possível isso acontecer. Por outro lado, este facto vai fazer com que cada vez seja mais difícil fazer as escalas dos serviços de urgências, responder às listas de esperas para cirurgias e para consultas e, portanto, vai ser cada vez mais difícil os portugueses terem acesso aos cuidados de saúde no SNS", alerta o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha.
TSF\audio\2023\09\noticias\12\jorge_roque_da_cunha_2_greve
O SIM insiste que é preciso aumentar salários e apesar de não se juntar ao apelo da Federação Nacional para uma greve conjunta, mantém as paralisações já agendadas.
"Nós temos greves marcadas no final do mês de junho e um conjunto de greves até ao final do mês de setembro. Greves regionais que tentam de alguma maneira mitigar as dificuldades que os portugueses sentem de acesso ao SNS. Em relação aos nossos colegas da Fnam entenderam fazer essas greves e mantemos aquela que é a política, da mesma forma que não se juntaram a estas nossas greves", explica.