Feira dos Santos regressa em força a Cerdal após interregno da pandemia
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Filas de quilómetros e estacionamento caótico. Milhares de pessoas, principalmente espanhóis, invadiram nesta segunda-feira a secular Feira dos Santos, em Cerdal, Valença, que regressou em força após o interregno de 2020 por causa da pandemia. Conhecida como a "mãe de todas as feiras", a iniciativa é "ponto de encontro" anual de feirantes de todos os ramos de negócio e criadores e negociantes de gado. Este ano junta 400 tendas e dura três dias, por causa do feriado à segunda-feira. Começou domingo e termina na terça-feira, com a denominada "feira das trocas", para dar oportunidade ao visitante para trocar o artigo que comprou caso não esteja satisfeito. Na Feira dos Santos, pode comprar-se um pouco de tudo: animais, desde aves a gado bovino, caprino e ovino, cavalos de várias raças (o garrano é emblemático), a maquinaria e alfaias agrícolas. Um trator pode custar "entre 20 mil a 200 mil euros", garante o comerciante Pedro Ramoa, e aquela feira costuma render "bons negócios".
"Se não se fazem, pelo menos alinham-se aqui. Aparece gente de muitos lados. Muita gente portuguesa e espanhola", disse.
A Feira dos Santos não é uma feira qualquer. E talvez por isso a afluência seja enorme. Nos arredores do recinto, os campos agrícolas e quintais e até jardins das casas são transformados em "parques de estacionamento". Estacionar custa dois euros por cada carro. Se for um autocarro (e há muitas excursões) custa dez.
Bernardino Lopes, 78 anos, 69 de feiras de todo o país a vender fatos, conhece bem a tradição "dos Santos". "Nestes 69 anos, só falhei uma vez e foi o ano passado por causa da pandemia. É uma das maiores feiras do país, onde se vende de tudo. É uma festa", descreve o feirante, que se diz "um dos mais antigos" em Portugal. "Até agora não apareceu nenhum da mesma idade", afirma.
Vestuário, louças, calçado, produtos da terra, alfaias, animais domésticos, árvores, plantas e flores, tasquinhas de comes e bebes, onde se provam vinhos novos e saboreiam petiscos como rojões, moelas, pataniscas, bifanas e bacalhau frito. E também há diversões, no espaço, onde é tanta a gente a circular por entres as tendas, que qualquer um se desorienta.
Uma das marcas da feira são os "perícos dos Santos", uma pêra pequena e doce, típica da região, e também os frutos secos e a castanha, que ali se vende assada.
Neste 1 de novembro são tradicionais as corridas de Garranos.
