A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) exigiu hoje junto do Ministério da Educação a suspensão do processo de revisão curricular, tentando evitar que vingue uma «precipitação absoluta» que afirmam que castigará quer alunos quer docentes.
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Após uma reunião com o secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, afirmou aos jornalistas que apesar de ter indicação de que os despachos de aplicação da revisão estão a «ser ultimados», a Fenprof ainda espera «que haja alguma reflexão sobre o que está a ser feito».
A revisão da estrutura curricular como é proposta pelo Governo «contém erros, como sucede quando se fazem as coisas de forma precipitada», afirmou o dirigente sindical.
«Isto é uma precipitação absoluta que decorre do Orçamento de Estado. Não tem em conta a qualidade do ensino e os seus interesses. Foi procurar, sem mexer muito nos currículos», poupar dinheiros ao Estado no setor da educação.
Numa tribuna pública que durante a tarde ocupou o passeio em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, e a que assitiram cerca de cem pessoas, Mário Nogueira afirmou que a Fenprof espera que o Ministério da Educação e Ciência «seja responsável», que «evite o disparate» e perceba que se prepara para fazer um «erro grave» do qual não vai poder recuar.
Dividindo a Educação Visual e Tecnológica em duas disciplinas, extinguido a Educação Tecnológica no 3º ciclo e acabando com os desdobramentos nas ciências experimentais, o Ministério mostra a «evidente opção ideológica» por um ensino em que «ler, escrever e contar» é o principal.
Mário Nogueira lamentou que a Educação não seja neste momento regida pela Lei de Bases do Sistema Educativo mas pelo «Orçamento de Estado para 2012, que prevê, por exemplo, cortes de 102 milhões com a revisão da estrutura curricular, 54 milhões com os mega-agrupamentos e alguns encerramentos de escolas e de 101 milhões» com medidas como o anunciado aumento do número de alunos por turma.
Com uma revisão feita «de calculadora na mão», o Ministério quer «livrar-se de ainda mais» professores do que aqueles que ficaram desempregados, afirmou Mário Nogueira, apoiando-se em números do Instituto do Emprego e Formação Profissional que indicam que o desemprego docente «aumentou 225 por cento» entre 2009 e 2011.
A Fenprof antecipa que «esta revisão atinja 10.000 horários docentes».