Fenprof vai entregar pedido de negociação suplementar para recuperação do tempo de serviço dos professores
Mário Nogueira insiste que os professores que ficam de fora da recuperação do tempo de serviço são muito mais do que os 13 mil anunciados pelo ministro da Educação
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A Fenprof vai entregar, esta sexta-feira, no Ministério da Educação, um pedido de negociação suplementar no processo de recuperação do tempo de serviço dos professores.
A decisão foi tomada, na quarta-feira, num plenário feito em formato online, em que participaram mais de 1300 professores.
"Em votação, foi aprovado o pedido de negociação suplementar do diploma sobre recuperação do tempo de serviço aos professores, o que se concretizará na sexta-feira, dia 24", pode ler-se num comunicado publicado, esta quinta-feira, no site da Fenprof.
O ministro da Educação esclareceu, na quarta-feira, que só os professores no topo da carreira, no 10.º escalão, não vão ser abrangidos. Nas contas do ministro, serão cerca de 13 mil docentes. Em declarações à TSF, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, salienta que há mais professores que não vão recuperar todo o tempo de serviço.
"Os 13.400 perdem completamente qualquer recuperação. Mas o senhor ministro sabe que os outros 12.000, do nono e oitavo [escalão], aliás, o número foi o senhor ministro que nos deu na reunião que se realizou, que não vão poder recuperar tudo. Alguns praticamente nada. Quem está no nono escalão, no último ano, pode recuperar um mês ou dois e mesmo assim não pode chegar ao décimo antes do dia 1 de setembro, porque se não também não recuperam nada. Os professores do oitavo e até os professores ainda no último ano do sétimo, que nem estamos a contabilizar, ainda ontem nos diziam que como vão ser obrigados a permanecer um ano em cada escalão, ainda que pudessem não ter que lá ficar pela recuperação que está prevista, isso vai fazer com que haja colegas do sétimo, que também não irão recuperar o tempo todo. E, portanto, se o senhor Ministro, acha que isso é recuperar o tempo, o senhor ministro saberá, mas isso, como eu costumo dizer, devem ser contas da inteligência artificial, porque a inteligência natural dos homens e das mulheres não consegue chegar aí", afirma.
Mário Nogueira reafirma os números que a Fenprof já adiantou e ainda vai mais longe: "Que não recuperam a totalidade ou parte são mais de 25.000. Nós tivemos aquele número porque foi o número que o ministro nos disse, ou seja, os 13.400 do décimo, os 8000 do nono e os 4000 do oitavo. Foram os números que o ministro disse, portanto, 25.400 são estes, mas eu posso dizer que professores que não recuperam tempo ou que recuperando vão perder outro tempo sáo mais de um terço dos professores e mais de um terço dos professores são bem acima dos 30.000. São entre 30.000 a 40.000 os que ficam de fora."
Os professores que estiveram presentes no plenário da Fenprof, na quarta-feira, aprovaram um voto de repúdio pelas declarações do ministro da Educação que, antes da última reunião com a Fenprof, acusou a estrutura sindical de não querer fazer parte da solução.
"Antes de se entrar para a reunião, cinco minutos antes, chamar a comunicação social para insultar a organização que vai reunir a seguir é inédito. Isto nunca se viu. Isto é de quem não tem nenhum respeito, até pelo relacionamento com as organizações sindicais que se deve pautar por regras da democracia. Isto nunca se viu. No plenário, foi aprovado um voto de protesto e de forte repúdio pelas declarações do ministro. Só faltou dizer que aquela reunião já nem se fazia porque não íamos lá fazer nada. Como é evidente, nós não levamos à letra aquilo que é dito por um ministro que tem um momento em que perde a cabeça e diz coisas que se calhar mais valia ter mordido a língua, mas não o fez", acrescenta.
O plenário decidiu ainda marcar uma concentração de professores não abrangidos pela proposta do Governo. O protesto, com o lema "Também somos Professores e perdemos tempo de serviço!", terá lugar no dia da primeira reunião suplementar.