Férias com internet lenta e rede móvel fraca? "Os clientes até acabam por gostar"
Há um novo Alentejo a despontar nas margens de Alqueva à boleia da procura turística que aqui garante tranquilidade entre montes e serras. Foi numa dessas unidades que encontrámos Vera Galhardas, licenciada em Turismo, que depois de ter trabalhado numa agência de viagens e num hotel encontrou em Juromenha o seu local de sonho para uma carreira onde até tem feito amigos para a vida.
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Vera Galhardas trabalha num turismo rural com seis casas de campo habilitadas a receber 22 pessoas. O empreendimento está longe de ser grande, mas para Juromenha, no concelho do Alandroal é suficiente.
"O que as pessoas procuram no nosso Alentejo é a paz, calma, tranquilidade, algum tipo de atividades que nós também conseguimos proporcionar, porque temos alguns caiaques, pranchas de padel, bicicletas", explica, tratando-se de ofertas que ajudam a compor o novo Alentejo, virado para o turismo em redor da albufeira de Alqueva
No fundo, sublinha, "o que Alqueva nos trouxe foi o aparecimento deste novo nicho de atividades, com a náutica e as praias fluviais", refere, numa altura em que nas margens do grande lago já existem cinco praias, a última das quais foi inaugurada, precisamente, no concelho do Alandroal já este ano. Trata-se das Azenhas d´el Rei que está a transformar a localidade de Montejuntos, onde praticamente se esgotou a capacidade imobiliária.
Licenciada em turismo, Vera Galhardas já trabalha há uma década nas Casas Juromenha, nas margens de Alqueva, onde encontrou o seu emprego de sonho, depois de duas experiências profissionais numa agência de viagens e um hotel.
Dá conta de um "intercâmbio" curioso entre "o que as pessoas da cidade têm para nos dar e o que nós, enquanto pessoas do campo, também temos lhes dar. Para mim, é muito mais rico trabalhar neste tipo de turismo do que num hotel grande", testemunha.
Exemplifica que numa unidade hoteleira de maior dimensão "simplesmente se alugam quartos e o contacto com as pessoas é muito pouco", enquanto em Juromenha até já fez amigos ao longo dos dez anos que ali trabalha.
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Porém, onde a tranquilidade é a dona dos dias que passam sem pressa, também ainda se paga a fatura da interioridade, perante internet lenta ou escassa rede móvel. Um conjugação que, à partida consubstancia uma desvantagem, mas por aqui é preciso fazer das fraquezas forças. "Já temos tido clientes que até gostam. Dizem-nos que os ajudou a desligar do seu quotidiano e isso é muito bom", revela.
Tempo agora de olhar para Espanha, que está na outra margem de Alqueva. Está a escassos 200 ou 300 metros da unidade onde trabalha, mas faltam acessos para concretizar a ligação que se reclama há anos em nome do empurrão definitivo à economia de Juromenha. "Para virem de Olivença aqui fazem cerca de 40 quilómetros. Com a ligação direta reduzíamos para menos de 20", alerta.
A recuperação da fortaleza de Juromenha, no alto da escarpa sobre Alqueva, está em marcha. Ali deverá funcionar uma unidade hoteleira lá mais para a frente. Acredita-se por aqui que será terra com futuro.