Fernão de Magalhães ou de Magallanes? 500 anos de circum-navegação envoltos em polémica
O programa conjunto entre Portugal e Espanha despertou críticas no país vizinho, que acusou Portugal de tentar apropriar-se de um feito espanhol. Um relatório emitido pela Real Academia da História reivindica mesmo que a viagem de circum-navegação é um feito exclusivamente espanhol.
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Começam este sábado as comemorações do quinto centenário da primeira viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães. As celebrações iniciam-se no dia que marca a partida da expedição e estendem-se até 2022, ano em que se cumprem os 500 anos do fim da viagem.
Sevilha, cidade da qual partiram as caravelas em 1519, é o epicentro das homenagens que incluem desfiles militares, exposições, conferências, obras de teatro e iniciativas didáticas para ensinar aos mais pequenos o feito de Fernão de Magalhães.
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As celebrações não estão isentas de polémica. O programa conjunto entre Portugal e Espanha despertou críticas no país vizinho, que acusou Portugal de tentar apropriar-se de um feito espanhol.
Um relatório emitido pela Real Academia da História reivindica mesmo que a viagem de circum-navegação é um feito exclusivamente espanhol.
O documento justificava a tese dizendo que Fernão de Magalhães abandonou a pátria em 1517, zangado com D. Manuel I, que recusou patrocinar o seu projeto. Fernão de Magalhães teria então rumado a Sevilha, onde ofereceu os seus préstimos a Carlos I de Espanha, a quem prestou vassalagem e jurou servir.
A Real Academia de História garante que o navegador renegou a sua origem portuguesa e se considerava espanhol, chegando mesmo a castelhanizar o seu nome: de Fernão de Magalhães, passou a Fernando de Magallanes.
O documento diz ainda que Portugal tentou por todos os meios impedir o sucesso de Magalhães, que consideravam ser um traidor. A viagem acabaria por ser terminada por Juan Sebastián Elcano, depois de Magalhães perder a vida nas Filipinas.
À margem de todas as polémicas, Portugal e Espanha uniram-se na celebração deste quinto centenário da primeira volta ao mundo. As homenagens incluem atos de um lado e do outro da fronteira e uma candidatura conjunta da rota de Magalhães e Elcano a Património Mundial da Humanidade pela Unesco.