A ex-líder do PSD disse hoje que «só existem democracias sólidas assentes numa classe média forte» e que qualquer processo de destruição da classe média é «ameaça tremenda à democracia».
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Intervindo no ciclo de conferências políticas "A Democracia e o Futuro", promovido pela autarquia de Coimbra e pela Fundação Bissaya Barreto, a ex-ministra das Finanças lembrou que a estrutura social portuguesa é de uma «classe média forte», na qual os que têm poucos rendimentos não pagam impostos e os que têm altos rendimentos pagam mas «infelizmente são poucos».
De acordo com Manuela Ferreira Leite quem tem de resolver a situação «são os que estão no centro» dos rendimentos recebidos, situação que considerou «um perigo sério» para a democracia.
«E nunca vi um país crescer sem ser com base na classe média», argumentou.
A antiga governante comentou ainda a situação dos reformados, alegando, embora não seja constitucionalista, não possuir dúvidas que será «inconstitucional» existirem medidas só para reformados «e que não são medidas gerais».
«Toda a política que tem sido seguida em relação aos reformados é inimaginável numa sociedade em que se pretende manter a classe média», frisou Manuela Ferreira Leite.
A ex-líder "laranja" falou ainda do projeto europeu, considerando que a sua atratividade não se ficou a dever a ser caritativo «isto é, vamos aqui ajudar os pobrezinhos».
«O projeto europeu não tinha isto subjacente, da ajuda aos pobrezinhos. Tinha subjacente a ideia de que todos em conjunto desenvolviam políticas de desenvolvimento, em que cada um passaria a ter acesso a aspetos básicos como a saúde, a educação, a habitação. Esse é o projeto europeu, é esse projeto que se ruir põe, com certeza, questões graves à democracia», sustentou Manuela Ferreira Leite.