"Ficámos muito felizes." Escolas recebem com alívio cancelamento de provas digitais

Mariana recebeu com alívio a notícia. Fazer as provas de matemática e português do 9.º ano no computador estava a deixá-la angustiada. Tinha medo que o computador bloqueasse ou que acontecesse qualquer percalço. "Era complicado, porque matemática no computador é mais difícil de escrever e procurar os sinais."

A aluna, de 14 anos, afirma que algumas escolas teriam dificuldade em arranjar computadores para todos. Melanie, aluna da mesma turma do agrupamento de escolas João de Deus, em Faro, recorda a prova de aferição que fez no ano passado, no 8.º ano, já em formato digital e que, em sua opinião, não correu bem. Por isso, afirma ter ficado "muito feliz e animada" com a informação veiculada pelo Ministério da Educação de que as provas marcadas para junho se irão realizar em papel. "No ano passado foi muito complicado e demorado", lembra.

O diretor do agrupamento considera que a decisão do Governo foi a mais acertada. Não porque faltem muitos computadores naquele agrupamento, serão cerca de 20 apenas, mas por outras e variadíssimas razões. "Há situações de avaria, outras em que os encarregados de educação não vieram levantar os kits [informáticos], situações em que os cartões não estão ativos porque o Estado não pagou à Vodafone...", enumera. Apesar de os computadores que são entregues aos alunos serem verificados antes de sair da escola, muitas vezes avariam mais tarde e os encarregados de educação entendem que não devem mandar arranja-los. "Estão a levantar computadores usados, fora da garantia", explica. Por esse motivo, "não têm confiança de que esse kit vá funcionar", avança.

A rede de internet também não é famosa na escola. "Não temos redes fiáveis, rápidas e seguras", garante.

Na apresentação do programa do Governo no Parlamento, o primeiro-ministro anunciou que "tendo sido identificadas graves falhas na disponibilização de equipamentos informáticos, na sua manutenção e na conectividade das escolas para garantir que os alunos pudessem realizar as avaliações em igualdade de oportunidades neste ano letivo (13.639 alunos do 9.º ano não receberam o kit digital: portátil, pen de dados e acessórios), o Governo decidiu pela sua realização em papel, de forma excecional, neste ano letivo".