Casa de notação financeira decidiu não alterar a nota dos títulos da dívida nacional, mas melhorou a perspetiva de 'estável' para 'positiva', sugerindo uma melhoria do rating nas próximas revisões.
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A agência afirma em comunicado que tem a expetativa que a redução do défice continue e sublinha que a obtenção nos últimos anos de saldos primários positivos (resultados que não incluem o pagamento de juros da dívida) sustentaram uma redução do rácio da dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB).
A casa de notação financeira espera que essa trajetória de redução continue ao ritmo previsto pelo governo nos próximos anos (118% em 2019 e 115% em 2020) mas adivinha que o rácio em 2023 será de 104% em 2023, valor que o executivo conta atingir um ano antes.
Para este ano e o seguinte, a Fitch estima que o défice de 0,5% não seja alterado de forma significativa, ao contrário do governo que estima um saldo negativo de 0,2% neste ano.
A agência escreve ainda que não espera que as eleições legislativas alterem significativamente a política orçamental, realçando que o debate público sobre os salários na função pública indicam um apoio generalizado à disciplina nas contas públicas.
A Fitch justifica a manutenção da nota da dívida com a expetativa de que o crescimento abrande ainda mais, para 1,7% e 1,5% neste ano e no próximo devido à revisão em baixa das perspetivas de crescimento da zona euro.
A agência acredita que será a procura interna a sustentar o aumento do PIB, através do crescimento, ainda que modesto, dos rendimentos das famílias, combinado com alterações fiscais.
A agência entende que o investimento vai aumentar, graças sobretudo aos fundos europeus mas realça que o crescimento de médio prazo estimado pela Comissão Europeia será de 1,6%, um valor abaixo do previsto para economias comparáveis.
No que diz respeito às exportações, a Fitch avisa para a vulnerabilidade da economia lusa, que sendo tão aberta, "a deixa vulnerável a choques externos", lembrando o fraco crescimento europeu.
Banca com desenvolvimentos estáveis
O sector bancário, escreve a Fitch, "teve um desenvolvimento estável". A agência sublinha que os desenvolvimentos no setor bancário estão estabilizados e que a limpeza dos balanços das instituições financeiras continua, com uma redução para 9,4% dos créditos improdutivos em 2018, depois de um pico de 17,9% em 2016.
A Fitch entende que há sinais de arrefecimento no mercado imobiliário, o que juntamente com a desalavancagem de empresas e famílias faz acreditar que os riscos macro-financeiros sejam limitados.
Quase uma década no lixo
Julho de 2011. Com a troika acabada de aterrar em Portugal, a Moody's foi a primeira agência de rating a colocar a dívida portuguesa no patamar de investimento especulativo, vulgarmente chamado "lixo".
As outras casas de notação financeira depressa lhe seguiram os passos, com a exceção da canadiana DBRS - a única que nunca colocou a dívida nacional em terreno negativo e graças à qual Portugal pode continuar "ligado à máquina" do BCE, mantendo o acesso aos instrumentos de política monetária, incluindo o programa de compra de ativos - a "bazooka" de Mario Draghi, que prometeu "fazer tudo" para salvar o euro em plena crise da dívida soberana.
Os títulos lusos mantiveram-se no caixote do lixo durante sete anos - até que em setembro de 2017 a Standard & Poors tomou a iniciativa de recolocar a dívida portuguesa no patamar de investimento. Mais uma vez, a opção foi seguida pelas outras agências norte-americanas: em dezembro desse ano a Fitch fez o mesmo, sendo seguida pela Moody's - a mais conservadora - em outubro de 2018.
(Em atualização)