Abandonou o cargo de deputado em rutura com Cristas e garante que para mudar o CDS "não basta baralhar e dar de novo". Quer a mudança, mas que mudança é essa? Filipe Lobo d'Ávila responde à TSF sobre o que quer para o futuro do partido.
Corpo do artigo
Do ponto de vista ideológico e de posicionamento político, o CDS deve ser o quê? De direita? Democrata cristão? Liberal? Próximo do poder? Qual o futuro depois de Cristas? "Eu acho que o CDS tem um papel muito importante", garante o candidato à liderança do CDS.
"O CDS tem de mostrar abertura aos seus parceiros naturais, como o PSD", diz Filipe Lobo d'Ávila, ouvido esta manhã na TSF. O candidato a líder do Partido Popular admite que o CDS corre o risco de se tornar "irrelevante".
Para Lobo d'Ávila, nos últimos quatro anos, o CDS caiu no erro de "tentar agradar a todos", e "quem quer agradar a todos não agrada a ninguém". Um partido de nichos, como salienta o advogado, hoje o CDS enfrenta a dificuldade de definir o seu "fator diferenciador".
Depois daquele que Filipe Lobo d'Ávila considerou "um dos piores resultados de sempre" para o partido, esta força política não corre o risco de extinção mas de perder força e relevância, salienta. O candidato que entrou em rota de colisão com Cristas na oposição durante a última legislatura argumenta: "Queríamos cumprir o velho sonho de dominar o centro-direita."
Mas a mudança, de acordo com o candidato, deve passar por "propostas assentes na democracia cristã", sem deixar de incluir "liberais e conservadores". Filipe Lobo d'Ávila está convicto de que o regresso a esta matriz identitária inicial fará a "diferença" junto da classe média, cada vez mais escassa e cada vez mais pobre.
"O brilhantismo de Paulo Portas faz falta"
O antigo deputado defende que o CDS "não deve estar sempre a pensar no passado", já que é "um partido vivo e com futuro". Apesar de reconhecer que o Partido Popular não pode depender nem de um nem de outro líder, Lobo d'Ávila assinala que Paulo Portas é uma "referência incontornável do CDS".
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2020/01/mtsf_20200120_filipelobodavila_pauloportas_20200120122024/hls/video.m3u8
"O brilhantismo de Paulo Portas faz sempre falta", assume, ao mesmo tempo que destaca uma época em que o CDS conseguia "marcar a agenda permanentemente".
Na perspetiva de Filipe Lobo 'Ávila, o CDS "tem de mostrar que não é um partido de um homem só", já que "tem muita gente com enorme talento".
"O CDS tem de procurar quem faz parte da História"
O CDS obteve 4% dos votos nas últimas Legislativas, e Filipe Lobo d'Ávila faz questão de o frisar. Para recuperar a credibilidade, o candidato acredita que o "CDS tem de procurar quem faz parte da História", pelo que não tem "qualquer problema" com o regresso de Manuel Monteiro ao partido.
"Não nos olham como um partido credível nem confiável", lamenta. "Há um caminho de coerência que nos conduziu a um dos piores resultados de sempre do CDS."
Apesar deste momento menos feliz para o partido, uma fusão com o PSD não está em cima da mesa, segundo o candidato a dirigente. "Não acredito que esse risco exista."
Se não vencer no sábado, Filipe Lobo d'Ávila voltará daqui a dois anos. "Tenciono continuar a participar no nosso CDS", assevera o candidato que também "não exclui nada" quando questionado sobre a possibilidade de integrar outras listas.