Bastonário da Ordem dos Médicos e Sindicato Independente dos Médicos condenam proposta do Governo para mantér jovens especialistas no serviço público.
Corpo do artigo
"Isto não vai acabar bem." É a previsão de Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, face à proposta de fixar jovens médicos especialistas por via administrativa no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O jornal Expresso noticiou este sim de semana que o Governo quer negociar com a Ordem dos Médicos e com os sindicatos a hipótese de celebrar "pactos de permanência no SNS após a conclusão da futura formação especializada, na opção pelo trabalho em dedicação plena, na responsabilidade da equipa e no pagamento de incentivos pelos resultados".
Sem avançar detalhes sobre a data de aplicação ou a duração do novo regime, a ministra da Saúde, Marta Temido, citada pelo semanário, diz que a proposta já estava prevista no programa de Governo e está agora em cima da mesa.
Em declarações esta manhã no Fórum TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos, lembra que ninguém pode ser "obrigado" a escolher onde trabalhar. "Como se fossem escravos do sistema."
TSF\audio\2019\11\noticias\18\miguel_guimaraes_n_vai_acabar_bem_12_h
"O caminho é o do diálogo, o caminho de tentar melhorar as condições de trabalho das pessoas, o caminho de valorizar o que as pessoas fazem", defende.
Também o Sindicato Independente dos Médicos critica a proposta, acusando a ministra da Saúde de populismo. "Resolver o problemas através de anúncios populistas não me parece que seja a melhor solução", diz Jorge Roque da Cunha.
Num "país democrático", integrado numa União Europeia onde há liberdade de circulação, "limitar a circulação dos profissionais no próprio país seria uma coisa muito interessante de debater", considera o presidente do Sindicato Independente dos Médicos.
TSF\audio\2019\11\noticias\18\roque_da_cunha_populismo_da_ministra_11h
"O que apelamos é que a ministra da Saúde arranje maneira de o dr. Centeno a ouvir. De no próximo Orçamento do Estado haver um investimento sério no SNS", defende Roque da Cunha. "Se se investir no SNS haverá com certeza médicos disponíveis para trabalhar."
Por sua vez, Vasco Mendes, da Associação Nacional de Estudantes de Medicina, defende que é necessário criar "mais condições para os médicos do SNS, em vez de os "obrigar a ficar".
Além disso, é preciso captar tanto médicos jovens como médicos seniores para o serviço público, ressalva. "Se estivéssemos interessados criar condições mais dignas não só pensávamos nos jovens, como pensávamos nos seniores e fazíamos essas medidas por si, só, não pela via da imposição."
TSF\audio\2019\11\noticias\18\vasco_mendes_1_futuro_n_e_brilhante_12h
Segundo o Expresso, a fixação no SNS de especialistas jovens por via administrativa faz parte de um conjunto de medidas que o Ministério da Saúde vai aplicar para reduzir a fuga de médicos para os privados ou emigração.
11522858