Até esta sexta-feira, o Município de Braga ativou o nível amarelo do Plano de Contingência para Pessoas em Situação de Sem-abrigo devido às baixas temperaturas.
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Os fluxos migratórios foram, em 2023, o grande fator de risco associado ao fenómeno de sem-abrigo, em Braga. Muitos acabam na rua quer por falta de emprego quer por falta de habitação, sendo que existem alguns casos em que as pessoas se dizem enganadas pelos empregadores. Este cenário é descrito aos microfones da TSF por Nuno Rodrigues, assistente social e um dos técnicos que efetua as rondas diárias durante o ano.
O Município de Braga ativou, até esta sexta-feira, 12 de janeiro, o nível amarelo do Plano de Contingência para Pessoas em Situação de Sem-abrigo devido às baixas temperaturas.
O número de pessoas nesta situação, na cidade dos arcebispos, tem sofrido variações e segundo a Delegação de Braga da Cruz Vermelha oscila entre os 20 e os 30 casos, sendo que no período do Verão tende a aumentar.
O caso de João Valente entra para esta estatística. Natural do Brasil, está em Braga há seis meses, cidade que escolheu por ser a mais brasileira de Portugal.
Há uma semana atrás estava como voluntário numa instituição onde, entretanto, perdeu a vaga e viu-se obrigado a ter as estrelas como teto. Com a chegada das baixas temperaturas e da chuva, procurou auxílio junto da Delegação de Braga da Cruz Vermelha, instituição que já acompanhava do outro lado do Atlântico.
“Quero arranjar um trabalho digno o mais rápido possível para conseguir pagar um sítio para ficar”, diz.
Com capacidade para acolher 20 pessoas, foram apenas nove as que aceitaram o convite da Proteção Civil e da Cruz Vermelha para pernoitar no Centro de Alojamento de Emergência, localizado na Rua de São João junto à Sé de Braga. Cinco de nacionalidade portuguesa, três brasileiros e um angolano. Apenas três apresentam comportamentos aditivos.
O Plano de Contingência para Pessoas em Situação de Sem-abrigo foi acionado a 5 de janeiro. O vereador com o pelouro da Proteção Civil no Município de Braga, Altino Bessa, explica que este plano é acionado sempre que as temperaturas estejam a baixo de zero graus.
"A situação é reavaliada esta sexta-feira. Caso se mantenham as condições climatéricas adversas continuará”, avança.
O Município de Braga é responsável pela segurança do espaço, já à Cruz Vermelha cabe o apoio logístico, de modo a dar um maior conforto a estas pessoas que têm acesso não só a comida como a banhos quentes.
Por norma, o Centro de Emergência (equipamento municipal) está de portas abertas para receber quem precisar até às 23h30.
Todas as noites a equipa da Cruz Vermelha percorre as ruas da cidade de Braga para distribuir bebidas quentes e cobertores, mas também passar a palavra.
A Delegação de Braga da Cruz Vermelha submeteu uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a requalificação da antiga Escola primária Nogueira da Silva que, a breve prazo, esperam vir a acolher o Centro de Acolhimento e Emergência. Até ao momento não há qualquer resposta. Desde junho de 202, esta resposta está em funcionamento nas instalações das Irmãs Hospitaleiras e já permitiu tirar das ruas mais de 25 pessoas.
