"Uma crise como nenhuma outra" e "um período nunca visto nos últimos cem anos" é assim que a diretora-geral do FMI classifica o momento que o mundo está a viver.
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De acordo com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, "estamos a responder a um número sem precedentes de pedidos de financiamento de emergência - de mais de 90 países até agora. O nosso Conselho Executivo acaba de concordar em duplicar o acesso às nossas ferramentas de emergência, o que nos permitirá responder à procura esperada de cerca de 100 mil milhões de dólares em financiamento".
Os programas de empréstimos já foram aprovados "em velocidade recorde" para países que vão desde a República do Quirguistão, o Ruanda, Madagáscar e o Togo e "com muitos outros por vir".
A diretora-geral do FMI fez estas revelações num discurso no portal da internet da instituição e de acordo com informação divulgada esta quinta-feira por Kristalina Georgieva este vai ser um período nunca visto nos últimos 100 anos.
"Antecipamos as piores consequências económicas desde a Grande Depressão" de 1929, assume Kristalina Georgieva que assim aproveitou para dar um avanço para a publicação das perspetivas económicas mundiais (World Economic Outlook) na próxima semana.
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Ainda não passaram três meses desde que o FMI previa um crescimento positivo do rendimento per capita em mais de 160 países mas agora o crescimento positivo passou a negativo.
"Agora projetamos que mais de 170 países vão sofrer um crescimento negativo do rendimento per capita este ano. A perspetiva sombria aplica-se a economias avançadas e em desenvolvimento. Esta crise não conhece fronteiras", explica.
Assim, "2020 será excecionalmente difícil" mas com uma janela de esperança para 2021.
"Se a pandemia desaparecer na segunda metade do ano - permitindo, assim, um levantamento gradual das medidas de contenção e a reabertura da economia -, a nossa suposição inicial é de uma recuperação parcial em 2021. Mas, novamente, enfatizo que há uma tremenda incerteza em torno das perspetivas: pode piorar dependendo de muitos fatores variáveis, incluindo a duração da pandemia", adianta Kristalina Georgieva.
Para a diretora-geral do FMI a recuperação desta crise deve assentar em 4 pilares:
Em primeiro lugar a saúde porque "dado que se trata de uma crise pandémica, derrotar o vírus e defender a saúde das pessoas são necessários para a recuperação económica";
Em segundo lugar, "proteger as pessoas e as empresas afetadas com medidas fiscais e financeiras grandes, oportunas e direcionadas";
Em terceiro lugar, "reduzir a pressão no sistema financeiro para que evite o contágio" de um setor que acumulou mais capital e liquidez na última década e "a sua resiliência será testada nesse ambiente em rápida mudança";
Por último, em quarto lugar é preciso planear a recuperação. "Isso requer uma consideração cuidadosa de quando diminuir gradualmente as restrições, com base em evidências claras de que a epidemia está a recuar", avisa.
Por fim, a diretora-geral do FMI reafirma que o fundo tem disponível para ajudar os países um envelope de 1 bilião de dólares, cerca de 917 mil milhões de euros.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) é composto por 188 países membros e desde que começou a pandemia houve já mais de 90 Estados que pediram ajuda devido à pandemia do novo coronavírus.