FNAM apela a "escusas de responsabilidade massivas" e prolonga greve às horas extraordinárias nos centros de saúde

Leonel de Castro/Global Imagens (arquivo)
Joana Bordalo de Sá admite o "endurecimento da luta" caso os médicos continuem sem respostas da tutela até ao final do ano
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Os médicos devem apresentar "escusas de responsabilidade" sempre que se deparem com "equipas insuficientes" e "sem condições de trabalho", defende este sábado a FNAM, que também vai prolongar a greve às horas extraordinárias nos centros de saúde.
Na sequência da reunião desta manhã do Conselho Nacional da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), a presidente do organismo, Joana Bordalo de Sá, adianta, em declarações à TSF, que as escusas de responsabilidade já têm sido apresentadas e desafia outros médicos a fazerem o mesmo.
"Sempre que as equipas de urgência não estejam completas, sempre que faltarem de materiais, sempre que faltarem recursos humanos, os médicos devem salvaguardar-se e colocar estas escusas. Já tem vindo a acontecer, como, por exemplo, no Hospital de Faro, onde os médicos pediatras colocaram massivamente estas escusas por estarem a trabalhar em condições abaixo dos limites e dos mínimos definidos, podendo colocar as crianças em risco", explica à TSF Joana Bordalo e Sá.
Qualificando como "extremamente insuficiente" o plano de inverno, a FNAM considerou ainda ser "ilegal" a tentativa "nos hospitais de desviar os médicos da sua atividade programada para o serviço de urgência", além de deixar a "atividade programada de consultas e cirurgias a descoberto".
Joana Bordalo e Sá fala em difíceis condições de trabalho e quer reunir-se com o Ministério da Saúde ainda este mês.
"O Ministério da Saúde tinha recusado assinar um protocolo negocial em que discutisse as grelhas salariais ainda em 2024, mas acabou por, no fundo, dar o não dito pelo dito, portanto, dizia que não podia, mas afinal, mostrou abertura para discutir a questão das grelhas salariais ainda em 2024. A Federação Nacional dos Médicos entende que esta questão tem de ser discutida e tem de ser discutida com a FNAM - e não é só uma questão salarial. Nós olhamos para a questão salarial, mas também olhamos para as condições de trabalho", garante.
A FNAM também decidiu prolongar a greve ao trabalho extraordinário nos cuidados primários, ou seja, nos centros de saúde, cujo fim estava previsto para o final de dezembro, admitindo agora poder durar durante o primeiro semestre de 2025. Joana Bordalo e Sá admite o "endurecimento da luta" caso continuem sem respostas da tutela até ao final do ano.
"Além desta greve ao trabalho extraordinário nos cuidados primários, poderemos eventualmente ter de fazer novos momentos de greve, greves nacionais gerais para todos os médicos. Isso poderá voltar a estar em cima da mesa em 2025", sublinha.
