Joana Bordalo e Sá apela, em declarações à TSF, a uma maior rapidez no envio formal das medidas por escrito, lamentando que até agora só tenha sido possível avaliá-las "em slides".
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A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) reconheceu a existência de avanços na reunião desta quinta-feira com o Ministério da Saúde, mas decidiu manter a greve da próxima semana por considerar que a redução do horário de trabalho proposta deve abranger todos os médicos.
FNAM e Sindicato Independente dos Médicos reuniram-se esta quinta-feira com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e o secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, num encontro em que foi apresentada aos sindicatos uma nova proposta, nomeadamente um suplemento de 500 euros mensais para os médicos que realizam serviço de urgência e a possibilidade de optarem pelas 35 horas semanais.
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A líder da FNAM, Joana Bordalo e Sá, considera, que estas medidas são bons sinais, mas entende que é necessário garantir a redução de horário para todos os médicos.
"Parece haver uma intenção de recuo em relação àquilo que estava a ser proposto inicialmente relativamente às grelhas salariais e também ao horário de trabalho. Sempre foi uma reivindicação da FNAM serem repostas as 35 horas de trabalho semanais, em vez das atuais 40, no entanto, isso parece que apenas seria para aplicar aos médicos que fazem urgência e isso não é aceitável da nossa parte, porque ia deixar mais de metade dos médicos de fora, sublinha, em declarações à TSF.
Joana Bordalo e Sá lamenta também que a FNAM só tinha visto a proposta "em slides" e apela a uma maior rapidez no envio das medidas por escrito.
"Enquanto não virmos a proposta por escrito - sem ser apenas em slides -, virmos o articulado, todos os pormenores, assim como enquanto não tivermos presentes o articulado do regime de dedicação plena e o diploma das unidades de saúde familiar, as versões finais, algo que foi aprovado em Conselho de Ministro no dia 14 de setembro, e ainda não nos facultaram as versões finais, as propostas de hoje remetem para esses diplomas, portanto, nós temos de os conhecer", defende.
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O Governo e a federação têm uma nova reunião marcada para a próxima sexta-feira (dia 20), mas a FNAM mantém a greve convocada para a véspera do encontro.
"Ainda não estamos em posição de chegar a um acordo. A FNAM mantém a sua luta, mantemos a nossa greve no dia 17 e 18 de outubro e temos a manifestação para todos os médicos no dia 17 de outubro em frente ao Ministério da Saúde, às 15h00", declara.
A reunião, convocada pelo Ministério da Saúde, decorreu numa altura que o SNS enfrenta uma crise nos serviços de urgência devido à recusa dos médicos em fazerem horas extraordinárias, além das previstas na lei (150).
Segundo a presidente da FNAM, cerca de 2500 médicos já apresentaram a minuta de indisponibilidade, uma situação que está "a afetar os hospitais de Norte a Sul do país".