FNAM tem expectativas "muito baixas" para reunião com Pizarro e vê "grande contradição" no OE2024
Federação dos médicos diz não entender como é que se pode motivar os profissionais de saúde com um aumento salarial "não superior a 3%" e pedindo-lhes "mais horas extraordinárias".
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É com expectativas "muito baixas" que a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) parte para o encontro que vai ter na tarde desta quinta-feira com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro. Sem um documento prévio para preparar o encontro e com uma proposta de Orçamento de Estado (OE) em mãos que não agrada aos profissionais da saúde, a líder da FNAM, Joana Bordalo e Sá, nota à TSF uma "grande contradição".
Se no OE2024 "o que está previsto para os médicos é um aumento salarial não superior a 3%" e se refere que o objetivo é "motivar os profissionais de forma a que possam ter uma conciliação entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar", a FNAM diz não compreender como tal pode ser compatível com "o que está programado" para os médicos: "A aplicação de um regime de dedicação plena onde o que é pedido é mais trabalho e mais horas extraordinárias."
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Juntando a esta questão a ausência de qualquer "documento escrito prévio com aquilo que à partida se iria discutir, ou vai, discutir" na reunião - e sem proposta por parte do Governo, para esta reunião, quanto a grelhas salariais -, os médicos admitem que a expectativa "muito baixa".
Do lado do Ministério da Saúde houve, esta quarta-feira, a garantia de que está "muito disponível" para se aproximar das reivindicações dos médicos, mas Manuel Pizarro não deixou de avisar que espera a mesma disponibilidade da parte dos sindicatos. Da parte da FNAM, Joana Bordalo e Sá diz haver abertura para uma "negociação séria nas temáticas em que isso é possível", mas critica a postura que o Governo tem vindo a apresentar.
"Sempre se mostrou muito disponível ao longo daqueles 16 meses, mas a verdade é que chegou ao fim e legislou unilateralmente sobre matérias como o novo regime de dedicação plena e sobre as Unidades de Saúde Familiar, escolhendo não incorporar nenhuma das propostas que a FNAM tinha", apontou a representante.
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Assim, há também "toda a disponibilidade dos sindicatos, sim, mas para melhorar as condições de trabalho e não para aceitar perda de direitos", algo que, garante Bordalo e Sá, "foi pedido ao longo dos 16 meses", uma vez que eram exigidas "ainda mais horas extraordinárias" aos médicos.
As reuniões entre ministro e sindicatos estão marcadas para a tarde desta quinta-feira e acontecem um mês depois das mais recentes, realizadas a 12 de setembro.