Fogo posto é "muito expressivo". Presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais concorda com o primeiro-ministro
Em entrevista à TSF, Tiago Oliveira sublinha que, apesar de haver menos fogos provocados por incendiários, esses incêndios "são mais expressivos" e o tema é "relevante", sobretudo, a norte do Mondego, a área que mais ardeu em setembro
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A Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) ainda está a analisar, mas já tem algumas pistas sobre as causas dos incêndios deste ano. Tiago Oliveira, que lidera a AGIF, confessa que viveu a terceira semana de setembro, a pior dos fogos em 2024, com bastante apreensão, mas defende, ainda assim, que houve lições aprendidas.
Tiago Oliveira sublinha, em entrevista à TSF, que não foi apenas no norte e no centro que o início da segunda quinzena do mês passado foi particularmente difícil. Isso também aconteceu noutras regiões, como Lisboa, Santarém e Castelo Branco, mas não houve fogos tão violentos como nos distritos a norte dos rios Vouga e Mondego.
O homem que está à frente da AGIF tem uma explicação para isso: "A pressão meteorológica naqueles locais, dado o contexto da vegetação, não permitiu que a prevenção tivesse tido o impacto que teve no sul." Tiago Oliveira destaca também a limpeza em redor das casas, "fundamental para proteger" essas habitações, e sublinha a diminuição do número de casas ardidas.
Até esta segunda-feira, a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais já tinha uma possível explicação para 24% da área ardida até agora, este ano. O presidente da AGIF considera "relevante" a quantidade de terreno que ardeu devido a fogo posto.
"Embora haja menos incêndios provocados por incendiarismo, relativamente ao total eles são mais expressivos, porque os outros incêndios, por uso de queimadas, por exemplo, desapareceram. (...) O incendiarismo é um tema muito relevante naqueles territórios, a norte do Vouga, a norte do Mondego."
Nesta entrevista à TSF, Tiago Oliveira sublinha que é fundamental perceber o que leva alguém a atear um fogo, sejam problemas mentais ou eventuais interesses; e resolver um problema em que existe uma clara intenção de provocar um incêndio. "Quer sejam imputáveis ou inimputáveis, são pessoas que necessitam de ser acompanhadas e tratadas. Porque há dolo, não há negligência."
Em setembro, após os fogos que devastaram boa parte do centro e norte de Portugal Continental, o primeiro-ministro afirmou que o Governo "vai atrás dos criminosos" e prometeu combater os "interesses que sobrevoam" os incêndios. Tiago Oliveira defende que Luís Montenegro esteve bem: "Fazer a sociedade portuguesa refletir sobre um problema que tem expressão naquele território. Acho que o senhor primeiro-ministro tem toda a razão."