"Foi deixado para trás." Ex-ministro da Saúde não compreende atraso no Hospital Central do Algarve
Luís Filipe Pereira refere algumas das razões para este longo adiamento.
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O Hospital Central do Algarve é uma promessa com quase 20 anos. Está num despacho de setembro de 2022, quando Luís Filipe Pereira era ministro da Saúde. À TSF, o antigo governante diz não entender porque é que esta promessa ainda não se concretizou.
"Foi deixado para trás. O Algarve precisa absolutamente de ter um hospital novo, na minha opinião. Trata-se de uma região muito sensível do ponto de vista de tração de pessoas estrangeiras, algumas delas idosas. É um pouco inexplicável que, ao longo destes 20 anos, nada tenha acontecido", afirmou à TSF Luís Filipe Pereira.
O antigo ministro da Saúde salientou que construir um novo hospital é sempre um investimento muito elevado, mas refere outras razões para este longo adiamento.
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"Os últimos anos, que foram basicamente governos do Partido Socialista, tirando os quatro anos da Troika, também provocaram um problema ideológico. As parcerias público-privadas, que poderiam ser um bom instrumento, em que o investimento é feito do lado dos privados mas para receberem têm de garantir a qualidade e os prazos que estão impostos no contrato que é feito. É curioso que se chegue aqui ao fim de 20 anos", ressalvou o ex-ministro da Saúde.
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Manuel Pizarro já anunciou que o novo hospital no Algarve será uma parceria público-privada, exceto para os serviços clínicos, que vão ser pública. No entanto, Luís Filipe Pereira está em completo desacordo.
"As parcerias público-privadas que foram feitas e deram excelentes resultados foram aquelas que foram globais, ou seja, não foi só a construção, mas também a própria prestação de serviços clínicos e foi nessa prestação de serviços clínicos dados pela iniciativa privada, com objetivos, controlada, etc. que se obtiveram centenas de milhões de euros atestados pelo Tribunal de Contas. A parceria público-privada apenas para a construção do hospital já é meio caminho, mas falha aquilo que é fundamental porque continua a estar na esfera inteiramente pública a prestação de serviços clínicos", acrescentou.