"Foi infeliz." Sindicato diz que declarações de Montenegro não ajudam estabilidade negocial com polícias
Paulo Santos afirma que o primeiro-ministro parece querer condicionar a ação dos sindicatos das forças de segurança
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O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Santos, considera que as declarações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, em nada ajudam a estabilidade negocial e não percebe esta atitude quando está marcada uma reunião para o próximo dia 9 com a ministra da Administração Interna.
“Eu penso que o primeiro-ministro, com estas declarações, foi infeliz, a não ser que tenha alguma agenda que pretenda alimentar alguma coisa porque, de facto, tendo nós uma reunião marcada com a ministra no dia 9, tendo em conta estas declarações do primeiro-ministro de Portugal, parece que está a condicionar ou está já a deixar claro que a reunião não serve para nada, mas nós vamos ser muito claros. Vamos apresentar na reunião com a ministra da Administração Interna, num propósito construtivo, porque aquilo que nós queremos enquanto sindicato é, efetivamente, ter um suplemento de condição policial que dignifique os profissionais da PSP e que tenha aqui uma evolução em relação às últimas propostas apresentadas, mas creio que estas declarações em nada ajudam à estabilidade negocial, em nada ajudam àquilo que é a construção de um caminho para resolvermos os problemas da polícia”, defendeu à TSF Paulo Santos.
O responsável afirma que o primeiro-ministro parece querer condicionar a ação dos sindicatos das forças de segurança.
“O primeiro-ministro acaba por afirmar que não dá mais um cêntimo em relação aos 300 euros, mas tem uma perspetiva de poder evoluir noutros cenários. Queremos perceber o que é que ele quer dizer com isto e queremos ver a possibilidade que temos de ainda evoluir nesta última proposta dos 300 euros porque não sabemos se estas declarações não têm aqui uma pretensão de condicionar a própria intervenção dos sindicatos", afirmou o presidente da ASPP.
A plataforma dos sindicatos que representam as forças de segurança também não esconde a desilusão com as palavras do primeiro-ministro. Bruno Pereira, o dirigente da plataforma, reconhece que fica agora mais longe a possibilidade de um acordo. Dentro de oito dias há nova reunião com o ministério da Administração Interna, mas o responsável tem pouca esperança.
"Vejo com extrema infelicidade e tristeza tendo em conta que, se assim for, tenho imensas dúvidas de que consigamos chegar a um acordo. A plataforma fez imensas cedências e o valor do pouco de vista pecuniário que considerou para o limiar mínimo de dignidade mesmo assim fica aquém do valor que foi atribuído à Polícia Judiciária e serviços de informações. Na vida política tem de se tomar decisões e definir prioridades. Se o Governo não quer chegar mais além é porque considera que há prioridades que limitam a hipótese de ir mais além em resolver este impasse que nos separa, de cem euros, sobretudo quando propusemos que fosse feito faseadamente em quatro anos, durante a legislatura. Se assim for tenho dúvidas de que a próxima reunião de dia 9, que foi agendada pelo ministério, traga novidades mesmo que possa trazer complementarmente algumas medidas que, certamente, não irão tão além como nós gostaríamos", admitiu Bruno Pereira.
Os polícias apresentaram uma proposta de 400 euros para o subsídio de risco, que poderia ser faseado em quatro anos, mas o Governo não vai além dos 300 euros.
