"Fomos mais papistas do que o Papa.” Associação 25 de Abril lamenta que luto nacional abranja comemorações de "liberdade e democracia"
Para Vasco Lourenço, se Francisco tivesse sido um militar português em 1974, “certamente seria um capitão de Abril” e, por isso, nesta altura estaria a festejar “efusivamente e com alegria” a Revolução dos Cravos
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O presidente da Associação 25 de Abril acusa o Governo de ser “mais papista do que o Papa”, após decretar três dias de luto nacional numa altura em que deve celebrar “a liberdade” e “democracia”, e apela à participação no desfile na sexta-feira em Lisboa.
Em declarações à TSF, Vasco Lourenço começa por frisar que não compreende a atitude do Governo, “no sentido de quererem condicionar as comemorações do 25 de Abril”.
“O próprio Vaticano só decreta o luto a partir de sábado, depois do funeral, e nós, em Portugal, fomos mais papistas que o Papa”, atira, pedindo aos portugueses uma “resposta condigna”.
Para Vasco Lourenço, se Francisco tivesse sido um militar português em 1974, “certamente seria um capitão de Abril” e, por isso, nesta altura estaria a festejar “efusivamente e com alegria” a data.
“Foi uma bazucada nos pés. Penso que as pessoas vão reagir comemorando ainda com mais força e com mais alegria ao 25 de Abril. Por muito que sejamos críticas a muitas situações no país, é evidente que o 25 de Abril continua a ser o farol que, apesar de tudo, mantém a liberdade e a democracia”, sublinha.
O Governo esclareceu esta quinta-feira que o decreto que instituiu o luto nacional pela morte do Papa Francisco não impõe quaisquer restrições à celebração do 25 de Abril por entidades públicas ou privadas, limitando-se a definir a conduta dos membros do executivo.
O decreto "não impõe ou fixa, ele próprio, quaisquer medidas ou restrições específicas às atividades de entidades e pessoas públicas ou privadas", apenas se "limita a determinar o luto e fixar as respetivas datas", lê-se numa nota oficial da Presidência do Conselho de Ministros destinada a esclarecer "dúvidas suscitadas" quanto ao impacto do diploma.
"As opções de conduta definidas pelo Governo aplicam-se aos seus membros, e em nenhum momento foram dadas instruções relativamente a atividades de outras entidades (incluindo municípios e associações) ou das populações", lê-se no comunicado.
O programa de eventos de natureza festiva que estavam previstos para a residência oficial do primeiro-ministro "foram adiados para o dia 1 de maio seguinte, mas não foram cancelados", esclarece ainda o comunicado.