Um dos sintomas mais frequentes é o "nevoeiro mental", uma certa dificuldade no raciocínio. Acontece em doentes que passaram longos períodos em cuidados intensivos, mas também em pessoas que tiveram poucos sintomas da infeção.
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A descrição é do neurologista José Vale: "Até já há uma expressão inglesa, o brain fog, uma lentificação do pensamento, as pessoas tendem a sentir-se diminuídas."
É apenas um dos sinais, mas há outros já identificados e suspeita-se que haverá também alguns que poderão, no futuro, vir a ser associados à infeção pelo SARS-COV-2.
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José Vale é presidente do Colégio da Especialidade de Neurologia da Ordem dos Médicos e trabalha no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, um dos hospitais que tem estado no epicentro da pandemia. O neurologista segue todo o tipo de doentes com Covid-19, mas intrigam-no em particular os doentes que, além dos sintomas neurológicos, se queixam de fadiga ou de dificuldade de movimentos e de equilíbrio.
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"É um cenário frequente, não porque aconteça em todos os doentes de Covid 19, mas porque são muitas as pessoas infetadas e acabam por ser também muitos os que apresentam estes problemas depois de testarem negativo ao novo coronvírus", constata José Vale. E, mais estranho ainda, é que nalguns casos essas dificuldades pós-Covid aparecem passados meses.
Por enquanto, estes doentes vão sendo acompanhados em diferentes especialidades, consoante as principais queixas, mas José Vale gostaria que em breve pudessem ter uma resposta mais concertada: "Nos Estados Unidos há já consultas de especialidade para estas pessoas."