Fotografias íntimas de alunas de faculdade do Porto partilhadas sem consentimento em grupos de WhatsApp
Foram partilhadas imagens não consentidas “a rabos aproximados”, “decotes” e “sugestivas de partes íntimas” das raparigas. A direção da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto diz à TSF que está a acompanhar a situação
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Existem há pelo menos 13 anos, são formados por rapazes estudantes e o alimento é só um: fotografias não consentidas de partes íntimas femininas. A polémica dos grupos de WhatsApp ganha agora voz, após terem sido feitas denúncias de que membros da direção da Associação de Estudantes da Faculdade e Engenharia do Porto contribuíam para “este abuso à sexualidade das mulheres".
Inês Marinho, da Associação Não Partilhes, conta à TSF que os alunos da Faculdade e Engenharia do Porto “estavam inquietos” com a falta de ação e transparência da associação de estudantes, que, em comunicado, soube condenar “veementemente os acontecimentos recentes”, mas não soube referir “de que se travava de um assunto iminente de abuso à sexualidade das mulheres e violência”.
As queixas que chegaram até Inês Marinho fazem parte de “grupo atual”. No entanto, sublinha, em causa está “uma tradição”.
Já houve outros grupos que foram criados no mesmo sentido, onde até se partilhava conteúdo explícito. (...) São grupos que já existem pelo menos desde 2012.
Desta vez o conteúdo pode não ser explícito, mas não deixa de ser “um crime”. Inês Marinho fala em imagens não consentidas “a rabos aproximados”, “decotes” e “sugestivas de partes íntimas” das raparigas.
Apesar da Associação de estudantes da Faculdade e Engenharia do Porto ter já referido “que foram e serão tomadas medidas concretas, nomeadamente quanto ao afastamento dos membros envolvidos dos respetivos cargos”, Inês Marinho acha que “não é suficiente”.
“Cometeram-se vários crimes neste grupo e isto não pode passar impune. Estamos a falar de uma associação de estudantes e não de uma Presidência da República... Claro que o afastamento tem que ser feito, mas não é suficiente. É completamente fraco”, considera, acrescentando que, além das consequências legais, é também preciso garantir a proteção das vítimas.
Contactada pela TSF, a direção da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto garante estar a acompanhar a situação de forma atenta e rigorosa. A insituição diz ainda que está a recolher e analisar todas as informações relevantes para determinar eventuais responsáveis.
Questionado pelos jornalistas esta sexta-feira de manha, o ministro da Educação e Ensino Superior, Fernando Alexandre, garante atenção a este caso, apesar de não ter conhecimento do que se passou.