"Bom dia. Muito obrigado por tudo", foram as palavras que Dussaud disse num português com sotaque e com um semblante visivelmente emocionado. Ao lado da esposa e em cima de um pequeno palco na Praça central de Bragança, agradeceu a homenagem.
Corpo do artigo
O fotógrafo francês de 84 anos viu e o escutou, depois, atentamente grupos de jovens cantar e dançar. A homenagem contava também com algumas recreações de fotografias tiradas na região. Idalina Romão era uma adolescente quando foi fotografada pela lente de Dussaud em Rio de Onor...há 31 anos.
"Ainda estou igual", diz com um sorriso no rosto a funcionária da Santa Casa da Misericórdia de Bragança. Acrescenta que a fotografia "retrata as senhoras que iam às flores para embelezar as portas e ruas por altura do Corpo de Deus". É com orgulho que posa ao lado da fotografia e se vê envolvida na homenagem ao fotógrafo
Com grande trabalho na zona de bragança nos últimos anos, Dussous chegou a Portugal em 1980. O funcionário duma empresa da Nestle francesa passou férias na costa alentejana. De regresso optou por fazer o percurso por Trás-os-Montes. Encontrou Montalegre e o barroso e lá fotografou a vida das pessoas naquela época.
"Eram aldeias com muitas pessoas e muito animadas, com muitas escolas e fornos de pão comunitários, havia vida. A pouco e pouco as escolas esvaziaram-se e acabou a vida comunitária. Agora há uma espécie de renascimento dessas localidades e ainda bem", diz o fotográfo.
TSF\audio\2018\10\noticias\19\tarde_afonso_de_sousa
São essas incontáveis fotografias das pessoas e dos vários momentos da vida de um quotidiano feito em sintonia com os trabalhos agrícolas, as festas pagãs e religiosas, a escola dos miúdos, os animais, as casas, as refeições ou os momentos mais íntimos que estão no centro de fotografia George Dussaud em Bragança, inaugurado em 2014 pela autarquia.
Para a homenagem, o centro tem uma exposição nova intitulada "A Norte do Norte ", com mais de 100 fotos da década de oitenta, todas a preto e com curadoria de Jorge da Costa.
" Foi todo esse universo puro e único que apaixonou Dussaud. Portugal tinha saído de quarenta anos de ditadura e as inovações que aconteciam pela europa e mundo ainda não tinham chegado ali. Georges Dussaud fotografou os momentos sempre com dignidade e grande profissionalismo" salienta o curador.
Hernâni Dias, presidente da Câmara de Bragança destaca a "oportunidade do momento para fazer esta homenagem, reconhecendo e agradecendo todo o trabalho que tem vindo a fazer a favor do concelho de Bragança, a favor da região e do próprio país".
Esta sexta e sábado, Bragança celebra a vida e a obra do fotógrafo francês, agora com 84 anos, com exposições, wokshops, conferências, teatro e música. É o terceiro Plast&cine que depois de Graça Morais e Souto de Moura festeja o trabalho artístico único e documental de Georges Dussaud.