Fragmentação da propriedade rústica impede prevenção de fogos: Portugal com 110 mil hectares de floresta queimada em 2024
Em declarações à TSF, o presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável diz que Portugal é "um caso particular" relativamente à área ardida pelos incêndios. Filipe Duarte Santos considera que "as propriedades rústicas não estão a ser geridas da melhor forma"
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Os incêndios florestais em Portugal queimaram, em 2024, quase 110.000 hectares de floresta numa semana, o que representa um quarto da área ardida na Europa. A informação foi divulgada, esta terça-feira, no relatório conjunto do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do programa da União Europeia de observação da Terra Copernicus (C3S) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Em declarações à TSF, Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, considera que Portugal é um caso particular.
"Portugal é um caso singular nos 27 países da União Europeia, porque é aquele país em que a média da área que arde relativamente à área total do país, desde 2006 até este ano, é a mais elevada de todos os países da União Europeia", explica à TSF Filipe Duarte Santos, defendendo que a fragmentação da propriedade rústica não ajuda na prevenção dos incêndios.
"Temos mais de dez milhões de propriedades rústicas em Portugal, uma área muito fragmentada, de muito pequena dimensão, sobretudo, no centro e no norte do país. É preciso mudar isso porque muitas dessas propriedades rústicas não estão a ser geridas da melhor forma", sublinha.
O relatório do sistema Copernicus e da Organização Meteorológica Mundial indica também que, no ano passado, na Europa, morreram mais de 300 pessoas e outras 413 mil foram afetadas pelas tempestades e inundações.