Aos 23 anos, Francisco Proner é já um fotógrafo de sucesso. Algumas das fotografias que captou durante a campanha eleitoral de 2022 no Brasil fazem parte da exposição "Chegou a primavera. O Brasil depois das sombras", que pode ver na Fundação José Saramago, em Lisboa, até 31 de maio.
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Uma dessas imagens mostra o momento em que Lula da Silva, atual Presidente do Brasil, deixa o Sindicato dos Metalúrgicos para se entregar e ser preso, em abril de 2018. Pouco depois de fazer o último discurso em liberdade, Lula junta-se aos muitos que o escutavam e surge, na fotografia, "amparado" por uma imensa multidão.
Numa altura em que Lula da Silva visita Portugal, Francisco Proner conta à TSF a história desta imagem. Foi captada com uma câmara, e não com um drone, como pode parecer, já que a imagem é feita de cima, num ponto muito central. O fotógrafo estava à janela do sindicato, num andar alto, de onde tinha um olhar privilegiado sobre os acontecimentos.
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Na altura em que foi publicada, em 2018, essa fotografia de Lula momentos antes de ser preso, teve um forte impacto no percurso profissional de Francisco Proner, mas também na sociedade brasileira. Foi replicada em camisolas, panfletos, e muito mais, e ajudou muitos brasileiros, revoltados com o que estava a acontecer, a expressar emoções.
E de onde vem o título da exposição, "Chegou a primavera. O Brasil depois das sombras"? A "primavera" é o período que se inicia com a vitória de Lula da Silva, pondo fim a quatro anos de Jair Bolsonaro no poder, um tempo de "sombras". Na mostra, não há qualquer fotografia de Bolsonaro. E não é por acaso.
Francisco Proner confessa que são conflitos sociais, aquilo que mais gosta de fotografar. O fotógrafo brasileiro admite uma forte consciência social e política, que começou na família. Era ainda muito pequeno e já ia a manifestações com os pais.
Aos 23 anos, Proner trabalha para a agência francesa VU, com sede em Paris, e já colaborou com alguns dos maiores jornais do mundo, como o New York Times, o Washington Post, o Le Monde, o The Guardian, entre outros. Mas não pensa deixar o Brasil. É lá, e nos outros países da América Latina, que encontra a "matéria-prima" para os seus projetos.