Consumos de combustível estão cada vez mais longe do anunciado pelas marcas.
Corpo do artigo
Só em 2017 os condutores portugueses gastaram mais 264 milhões de euros em combustível do que deviam se os consumos reais fossem iguais aos anunciados pelas marcas de automóveis.
O número é divulgado num relatório da Federação Europeia dos Transportes e Ambiente revelado em Portugal pelas associações ambientalistas Quercus e Zero.
Fazendo as contas desde 2000 até 2017, as emissões e consumos anunciados à margem da realidade daquilo que acontece nas estradas custaram aos portugueses mais de 1,6 mil milhões de euros (ou seja, 1.600 milhões de euros, numa média de quase 90 milhões por ano), valores que juntando todos os países europeus chegaram aos 149,6 mil milhões de euros.
TSF\audio\2018\08\noticias\28\nuno_guedes_carros_23h
João Branco, da Quercus, destaca que o mais grave é que a diferença entre o real e o prometido tem sido cada vez maior, o que leva a questionar se os novos valores de redução nos consumos anunciados pelas marcas são ou não verdadeiros, afetando a credibilidade de toda a indústria automóvel.
Francisco Ferreira, da Zero, destaca que a diferença entre os valores declarados e a realidade dos consumos dos automóveis corresponde a um ano de despesas de educação das famílias portuguesas.
Além de mais consumo de combustível, as emissões e consumos manipulados traduziram-se em mais 2,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono emitidos desde o ano 2000.
Os ambientalistas destacam que a diferença entre testes e realidade saltou de 9% em 2000 para 42% em 2016, principalmente através de fabricantes de automóveis que, manipulando o teste de laboratório e também através de tecnologias incorporadas nos automóveis, proporcionam economias muito maiores em laboratório do que em estrada.
ACP desvaloriza estudo
Em declarações à TSF, o presidente do Automóvel Clube de Portugal desvaloriza este estudo da Federação Europeia do Transporte e Ambiente. Para Carlos Barbosa, "este estudo não tem grande interesse porque já está totalmente ultrapassado desde que houve os escândalos das emissões de gases provocados por vários construtores".
"O que interessa é o estudo do próximo ano quando já houver os consumos reais de acordo com a nova legislação europeia", sublinha o presidente do ACP.
TSF\audio\2018\08\noticias\29\carlos_barbosa_1_estudo_completament