Frederico Pinheiro justifica cópias fora de horas com "horário flexível" e acusa Costa e Galamba de "difamação"
O ex-adjunto não exclui a hipótese de avançar uma queixa na justiça contra António Costa e João Galamba.
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O ex-adjunto de João Galamba, Frederico Pinheiro, acusa o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro das Infraestruturas, João Galamba, de o "difamaram" publicamente, o que o leva a "ponderar" levar o caso Justiça. "Existe matéria jurídica para avançar com uma queixa-crime", afirmou Frederico Pinheiro esta sexta-feira, em declarações à TVI.
Frederico Pinheiro acusa João de Galamba de mentir quando acusa o ex-adjunto de o ter ameaçado e também nega as agressões de que é acusado no ministério das Infraestruturas. "Há uma tentativa de transformar o agredido em agressor", afirma.
"Existe a tal narrativa, que está a ser montada, de que eu recebo um telefonema, que fico extremamente exaltado e decido intempestivamente dirigir-me ao ministério recolher os meus pertences e, quando chego lá, faço uma série de agressões. Isso não ocorreu, não foi isso que aconteceu", garante.
Sobre um dos motivos apontados pelo ministro das Infraestruturas para exonerar o adjunto - o facto de este se ter deslocado durante a noite ao ministério para "tirar muitas cópias" dias antes de 26 de abril - Frederico Pinheiro garante que esse comportamento era "normal" tendo em conta o seu horário flexível, que nunca foi segredo para ninguém.
"Nunca escondi, sempre deixei claro que tinha um horário flexível", assegura, justificando: "Comecei a trabalhar no Governo há seis anos, foi na altura, não por acaso, em que tive o meu primeiro filho, e desde o início que foi importante para mim conciliar as minhas obrigações laborais com as minhas obrigações familiares".
Por exemplo, aponta, saía mais cedo para ir buscar os filhos à escola, mas regressava ao trabalho ao final do dia. E porque treinava uma equipa de andebol duas vezes por semana, muitas vezes só terminava os treinos às 23h00 e ainda regressava ao ministério para continuar a trabalhar.
Além disso, Frederico Pinheiro assegura que nunca recebeu "uma indicação expressa para não entrar no ministério das Infraestruturas" e nota que na noite em que foi buscar o computador o segurança viu-o entrar na garagem e reagiu de "forma totalmente normal".
O ex-adjunto de Galamba diz que só foi buscar o computador para recuperar documentos pessoais e reitera que a informação classificada que tinha no computador só tinha sido considerada confidenciais porque o próprio o sugeriu. "Esses documentos estavam, até à minha saída, no arquivo do Ministério, que é livremente acedido por todos os trabalhadores", aponta.
A exceção era a versão confidencial do plano de reestruturação da TAP que, segundo Frederico Pinheiro, só estaria no seu computador e nunca foi pedida pelo ministro.
"Não tenho conhecimento do senhor ministro ter lido o plano de reestruturação da TAP. Nunca transmiti esse documento porque nunca me foi pedido. É um documento muito importante, é o documento mais importante que está no Ministério das Infraestruturas."
Também a chefe de gabinete Eugénia Correia já tinha garantido que o plano de reestruturação só estava no computador de Frederico Pinheiro e não no arquivo do ministério.