O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros voltou a condenar a intervenção daquele ser híbrido a que chama «Merkozy», considerando que a União Europeia está a viver sob uma ditadura.
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Vinte e cinco anos depois da adesão de Portugal à então CEE, a União Europeia vive um momento de grande crise e Freitas do Amaral aponta o dedo ao que diz ser a ditadura franco-alemã.
«O momento que estamos a viver é esta figura híbrida para a qual ainda não encontrei nenhum paralelo histórico, é um conjunto de países democráticos governados por uma ditadura. É capaz de ser imperialismo, hegemonia, colonialismo ou neocolonialismo, protectorado, mas o que temos é uma ditadura de dois chefes de Estado ou de Governo a mandar em dezenas de países», afirmou.
«Isto não é democrático e pela minha parte não é sonho, é pesadelo», acrescentou Freitas do Amaral, esta tarde na faculdade de direito da Universidade de Lisboa, numa conferência sobre o quarto de século passado sobre a adesão de Portugal à CEE.
Freitas do Amaral, um federalista assumido, lamentou que a UE seja hoje dominada por dois países, Alemanha e França, que ainda por cima lideram contra os princípios democráticos.
«Aquele federalismo de que se começa agora a falar, reforço dos poderes de Bruxelas, reforço dos controles, intervenção de Bruxelas na elaboração dos orçamentos, etc., isso nem é federalismo nem é democrático. Isso é uma intervenção hegemónica de um ou dois países europeus nos assuntos do estados membros a quem foi prometido o respeito do princípio de igualdade», contestou Freitas do Amaral, acrescentando «que vivemos hoje em pura ilegalidade geral na União Europeia».
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros considerou ainda que actualmente na União Europeia não são respeitadas as competências do Conselho Europeu, da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu.