
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Freitas do Amaral defendeu hoje que Portugal deve lançar uma «grande ofensiva diplomática» em Berlim.
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«É em Berlim é que está a chave dos nossos problemas, temos de fazer uma grande ofensiva diplomática em Berlim», afirmou Freitas do Amaral, em declarações aos jornalistas à margem de uma ação de campanha eleitoral do candidato do PS à câmara de Sintra.
Admitindo ter esperança que no final da oitava e nova avaliações da "troika' possa vir de Berlim «algum sinal de que não haja tanta exigência», pois já terão decorrido as eleições alemãs, o antigo presidente do CDS-PP advertiu que se forem aplicados os cortes que estão previstos a economia portuguesa em vez de continuar a crescer voltará para trás.
«É momento decisivo para Portugal, é um momento decisivo para o Governo, acho bem que Portugal exija mais do que exigiu em avaliações anteriores, mas não é aqui em Lisboa que se tem de exigir, é em Berlim», insistiu.
Freitas do Amaral preconizou ainda que as 'conversas' com Berlim sejam feitas a «um nível hierárquico superior» e não envolvendo apenas o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque.
«Tem de ser primeiro-ministro e Presidente da República, ao mais alto nível, sobretudo primeiro-ministro (...), enquanto o primeiro-ministro não tiver uma conversa olhos nos olhos com a senhora Merkel isto não vai lá», reforçou.
Ainda sobre as eleições alemãs, Freitas do Amaral admitiu ter alguma esperança que daí resulte «não propriamente uma reviravolta de 180 graus», «mas um certo à vontade por parte da senhora Merkel» para dizer que a Europa, nomeadamente a Europa do Sul está precisada de alguns estímulos.
Contudo, acrescentou, «ninguém pense que a senhora Merkel vá passar o que dantes se chamava o cheque alemão"».
Por isso, Portugal precisa de apresentar «um bom programa de investimentos", pois se o país conseguir garantir alguns bons investimentos estrangeiros terá "meio caminho andado».
«Acho que Portugal não devia insistir muito, porque é irrealista, em pagar menos ou receber mais, o que Portugal precisava era de uma espécie de plano Marshall europeu para a Europa do sul» com investimentos europeus e de fora da Europa.
«É aí que nós devemos apostar», defendeu, acrescentando que se Portugal continuar apenas a cortar no défice não conseguirá abater a dívida e se não há capitais privados disponíveis, nem investimento público, a solução é o investimento estrangeiro.
Freitas do Amaral confessou ainda esperar que seja possível a partir de agora ter «austeridade a uma outra velocidade», recordando que o próprio Fundo Monetário Europeu já começa a defender essa ideia.
Por outro lado, continuou, a economia portuguesa já começou a dar alguns sinais positivos, precisamente porque não se aplicaram cortes de austeridade no primeiro semestre.
«Isso é um grande argumento no sentido de que se tiver que haver cortes não sejam tão grandes e tão excessivos como estava previsto», referiu.