Frente Comum aponta "miopia muito grave o Governo não alterar políticas" perante "grandiosa greve da Administração Pública"
"Nós ainda temos tempo para alterar a proposta inicial do Governo. O Orçamento não está fechado e, mesmo que venha a estar, vai sempre a tempo de o alterar", disse Sebastião Santana à TSF
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Os trabalhadores da Administração Pública fazem um dia de greve esta sexta-feira e a Frente Comum garante que não se via uma paralisação destas há muito tempo.
"Estamos mesmo perante uma grandiosa greve da Administração Pública, reflexo do descontentamento que existe e da ausência de respostas do Governo às nossas reivindicações", explica Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum, à TSF.
E descreve: "Estamos mesmo perante uma das maiores greves dos últimos anos na Administração Pública, com serviços encerrados nas autarquias locais, nomeadamente na recolha dos resíduos que não se fizeram durante a noite, com, já durante a manhã, centenas de escolas fechadas um pouco por todo o país, incluindo naturalmente as regiões autónomas, com serviços mínimos apenas na área da saúde em muitos dos maiores hospitais do país. Serviços de finanças encerrados, de segurança social, nomeadamente nos atendimentos. Também na área da justiça houve uma grande adesão dos trabalhadores desta área. Também no ensino superior, com encerramento de departamentos em faculdades, outras fechadas mesmo."
Para o líder da Frente Comum, o Governo não pode ignorar o "descontentamento" dos funcionários públicos.
"O Governo tem aqui uma oportunidade de olhar para aquilo que é o descontentamento dos trabalhadores e, perante uma greve com esta dimensão e com este impacto na Administração Pública, entendemos que seria de uma miopia muito grave o Governo não alterar as suas políticas. Nós ainda temos tempo para alterar a proposta inicial do Governo. O Orçamento não está fechado e, mesmo que venha a estar, vai sempre a tempo de o alterar", considera.
Sebastião Santana aponta já à próxima ronda negocial com o Executivo: "Hoje é uma demonstração de força dos trabalhadores, o Governo fará a leitura que entender. O que esperamos é que na próxima reunião negocial, que é dia 29, o Governo tenha em consideração este dia de luta em toda a Administração Pública."
A greve da Administração Pública está a registar uma "enorme adesão", de 90% na saúde e educação, mas também na Justiça e Autoridade Tributária, traduzindo a "sentimento generalizado" dos trabalhadores em "avançarem para a luta", segundo a CGTP.
"A nível geral, o balanço que está a ser feito seja a nível do setor da saúde, seja a nível do setor escolar, da Autoridade Tributária [ou] da Justiça, o que revela neste momento é uma enorme adesão dos trabalhadores a esta jornada de luta", afirmou o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, em declarações à agência Lusa.