António Marujo, o jornalista que revelou este fim de semana que Portugal ia receber as Jornadas Mundiais da Juventude em 2022, afirmou à TSF que não percebe o incómodo provocado pela revelação antes do anúncio oficial.
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O segredo foi revelado e está a criar mal-estar na Igreja Católica e na Presidência da República portuguesa. O anúncio apenas deveria ser feito pelo Papa Francisco, em janeiro do próximo ano, mas já se soube que será Portugal a receber as Jornadas Mundiais da Juventude em 2022.
A decisão deveria ser mantida em segredo durante pelo menos mais dois meses, até à altura em que decorrerão as jornadas no Panamá, mas o site religioso Religionline antecipou-se e, este fim de semana, deu a informação como certa.
O Jornal de Notícias adianta que a notícia deixou os responsáveis da Igreja Católica incomodados e que pode até pôr em causa a realização das jornadas da juventude em Portugal.
Perante a fuga de informação, o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, o padre Manuel Barbosa, disse ao Jornal de Notícias que "o evento até pode nem ser realizado cá". "A fuga de informação pode ajudar a que o Papa tome uma decisão contrária".
O padre Manuel Barbosa refere que "nunca, em nenhum outro país, aconteceu uma coisa" assim e recorda que "só o Papa pode confirmar e anunciar uma decisão" desta importância.
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Há elementos da Igreja Católica que suspeitam de que a fuga de informação pode ter partido da Presidência da República, mas fonte oficial de Belém já negou esta possibilidade e acrescentou que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ficou estupefacto com o anúncio antecipado.
A possibilidade de Portugal acolher as Jornadas Mundiais da Juventude em 2022 surgiu com um convite ao Vaticano, feito por D. Manuel Clemente, no último ano, apesar da hipótese estar a ser pensada desde 2012. A Suécia e a República Checa são outros países apontados como fortes candidatos.
António Marujo, o jornalista que revelou este fim de semana que Portugal ia receber as Jornadas Mundiais da Juventude em 2022, não percebe o incómodo provocado pela revelação antes do anúncio oficial.
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"A decisão está tomada há meses, não há aqui nada de muito novo ou muito inesperado (...) Houve várias pessoas em lugares de grande responsabilidade dentro da Igreja que me conformaram a notícia e me deram detalhes."
"Não vejo razão nenhuma para este mal-estar", defende também o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, António Martins da Cruz.
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"Não creio que este papa, que tem demonstrado em muitos casos uma informalidade que não se notava nos seus antecessores, vá por em causa a visita por causa de um blogue ter divulgado a visita antes do anúncio oficial. Não acredito."
Questionado pela TSF, o ministério dos Negócios Estrangeiros recusou comentar o caso.